domingo, 3 de novembro de 2013

Os Produtores de leite e a dor dos animais

Essa semana li um trabalho bastante interessante publicado no Journal of Dairy Science e resolvi trazê-lo aqui para o blog de uma forma um pouquinho diferente

O texto a seguir é a livre tradução para o português do resumo desse artigo intitulado:



DAIRY PRODUCER ATTITUDES TO PAIN IN CATTLE IN RELATION TO DISBUDDING CALVES

A atitude dos produtores de leite quanto a dor do rebanho em relação a mochação de bezerros



   A dor é um importante indicador de problemas quanto ao bem-estar de animais de produção. Apesar disso, a dor frequentemente passa despercebida em animais de fazenda devido a atitudes de produtores e veterinários, apesar deles desempenharem um papel fundamental no monitoramento e gerenciamento da percepção da dor animal.
   As atitudes dos produtores em relação ao bem-estar animal influencia o manejo e produção dos animais. O objetivo desse estudo foi, portanto, quantificar as atitudes de produtores de leite em relação a dor causada por várias doenças do gado e a mochação, um procedimento de rotina doloroso realizado na fazenda para garantir o manejo mais seguro de gado. 
  Um questionário sobre opiniões e práticas relacionadas com a mochação foi enviado a 1.000 produtores de leite finlandeses (taxa de resposta: 45%).
   As atitudes em relação à mochação foram aferidas através de uma escala de Likert de 5 pontos e as atitudes quanto a dor dos animais foram pontuadas em uma escala numérica de 11 pontos.
  A análise de componentes principais foi utilizada para avaliar as cargas, que foram testadas posteriormente para diferenças entre o gênero do produtor e sistemas de criação com o teste  Mann-Whitney U, e entre a produção de leite e tamanho do rebanho e idade e experiência de trabalho dos produtores com um teste Kruskal-Wallis. 
 
 
   Foram identificados quatro fatores principais:

              Fator I: Levar a dor da mochação a sério.
              
              Fator II: Sensibilidade a dor causada por doenças do gado.
              
              Fator III: Estar pronto para medicar os bezerros por conta própria. 
              
              Fator IV: Produtores a favor de manter os chifres ("pró-chifres"). 



As mulheres produtoras levaram a dor da mochação mais a sério, foram mais sensíveis à dor causada ao pelas doenças do gado, e estavam mais dispostas a medicar bezerros do que os produtores do sexo masculino. 

Produtores que utilizam o tie-stall foram mais favoráveis aos chifres do que produtores que utilizam o freestall. 

Produtores do sexo masculino com tie-stall foram sensíveis à dor do gado e favoreceram mais a presença dos chifres do que produtores do sexo masculino com freestalls.

Produtoras utilizando o freestall estavam mais dispostas a medicar bezerros, mas não favoreceram os chifres mais do que as produtoras utilizando o tie-stall. 

Produtores com rebanhos de baixa produção estavam menos dispostos a medicar bezerros e mais dispostos a manter o gado com chifres do que produtores com rebanhos de maior rendimento. 

Produtores mais velhos foram mais sensíveis à dor do que gado do que produtores de meia-idade e mais jovens. 

Nenhum efeito foi estabelecido para levar a dor da mochação a sério

O fator pró-chifre foi associado com experiência de trabalho, idade e tamanho do rebanho. 

As mulheres classificaram a dor em escala mais alta e foram mais positivas em relação à medicação para a dor para os animais do que os homens.

Manter chifres é mais importantes para os produtores com tie-stall do que para aqueles com freestall.





E ai o que vocês acharam desses resultados?!






Tenham um ótimo domingo






REFERÊNCIA



       WIKMAN, I.;  HOKKANEN, A. H.; PASTELL, M.;  KAUPPINEN, T.; VALROS, A. ;
       HANNINEN, L. Dairy producer attitudes to pain in cattle in relation to disbudding
       calves. J.of Dairy Sci. v.96, p. 6894-6903. 2013






quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Sistema Voluntário de Ordenha ... o que diz a pesquisa a respeito


O Sistema Voluntário de Ordenha (do inglês: VMS -  Voluntary Milking System) tem esse nome porque são as vacas que escolhem qual  a frequência e melhor horário para a ordenha.

Funciona da seguinte forma: o animal entra em uma estrutura parecida com um tronco de contenção, então um braço robô usa câmeras ópticas e lasers para localizar o teto e fazer a limpeza, ordenha e pós-dipping.

Sistema Voluntário de Ordenha em funcionamento


Cada animal é identificado através de um sensor de presença que vai registrar em um computador todos os dados da ordenha. Segundo os fabricantes o equipamento consta inclusive com um medidor de leite para cada teto que mede separadamente o tempo, fluxo e produção. 



A VMS também faz uma checagem da qualidade do leite e caso alguma anormalidade seja encontrada há um desvio automático.

Para que a ordenha seja feita de forma higiênica esse sistema ainda possui um coletor de esterco integrado e um sistema para limpeza do piso, fazendo assim que os animais permaneçam sempre em um ambiente limpo.

E tudo isso sem que seja necessária a presença de uma pessoa no processo.  

Parece um sonho não é?!
Mas tem se tornado uma realidade cada vez mais presente da cadeia leiteira mundial.

A idéia de se contruir uma ordenha como essa não é nova não, ela surgiu na Holanda na década de 1980 . No entanto, somente em 1992 (isso mesmo 92!!!) o primeiro sistema de ordenha automática foi introduzido em rebanhos comerciais e desde então o número de fazendas que usam esse tipo de ordenha só aumenta, principalmente em países desenvolvidos da Europa e América do Norte. 
No Brasil a Ordenha Voluntária chegou somente esse ano, em uma fazenda leiteira de Castro - PR.

A figura a seguir mostra o fluxograma do sistema VMS (também conhecido como AMS "Automatic Milking System") segundo Hopster, et al (2002)

Cubicle: Baia; Waiting area: Área de espera; AMS: Automatic Milking System; Feeding Area: área de alimentação; Rest of Bran: Restante do curral; Water: Água


Mas o que diz a pesquisa sobre esse sistema?


Segundo Hogeveen et al. (2004) são 5 os motivos mais comuns que fazem com que um produtor opte pela VMS:
  1. Redução de mão de obra (sem hífen segundo a nova ortografia hehe).
  2. Maior flexibilidade.
  3. Possibilidade de realizar mais que 2 ordenhas diárias.
  4. Redução no número de empregados.
  5. Necessidade de se adquirir um novo equipamento de ordenha.
Sendo a redução de mão de obra, com certeza, a mais expressiva, uma vez que o custo da produção de leite está muito ligado a quantidade de mão de obra para produzi-lo. 
Os resultados do estudo realizado por Bijl et al. (2007) mostraram que essa redução pode chegar a 29% menos mão de obra em propriedades que usam a VMS quanto comparo àquelas que usam o sistema convencional de ordenha.

Quanto a qualidade do leite produzido a VMS tem se mostrado eficiente, no entanto alguns cuidados devem ser tomados para se garantir um produto de alta qualidade.

Uma das vantagens da VMS é aumentar a frequência de ordenha, que, por sua vez, está relacionado com a redução da CCS no tanque além da redução do número de vacas apresentando aumento na CCS. Por outro lado, como a ordenhadeira funciona 24 h por dia mas não ordenha vacas 24 h por dia restos de leite podem ficar no equipamento por algum tempo e isso pode favorecer o crescimento de bactérias.

O tanque de resfriamento também tem que ser adequado para tal sistema, pois como cada ordenhadeira dessa ordenha de 50 a 60 vacas por dia e o baixo número de animais por hora pode tornar mais difícil manter a temperatura no tanque regular (toda hora leite "quente" será adicionado ao tanque).

Qualquer problema que o braço robô tenha em encontrar o teto também pode afetar a qualidade, pois se um teto deixar de ser ordenhado as chances do animal ter mastite aumenta.

O fato desse sistema fazer tudo sozinho é uma vantagem, quando se fala de mão de obra, mas aquele olhar do ordenhador também faz falta. O controle direto do aspecto do úbere e do leite torna mais difícil a identificação da mastite clínica, uma vez que o controle da saúde do úbere depende exclusivamente de dados de condutividade elétrica, temperatura e produção.  

Outro fator que pode ser crítico é a limpeza do teto antes da ordenha. Um ordenhador vai limpar o teto de acordo com a necessidade, afinal sempre tem aquela vaquinha no rebanho que adora deitar no lugar mais imundo (quem trabalha na ordenha sabe do eu estou falando rsrs) e a VMS trata toda vaca igualmente e não vai diferenciar entre a mais limpa e a mais suja, aumentando as chances dos patógenos se espalharem pelo rebanho.

Todos os fatores citados anteriormente são controláveis na ao meu ver, e independente do sistema de ordenhadeira usado, cuidados no manejo dos equipamentos são extremamente importantes.
Portanto, propriedades que utilizam a VMS, serão capazes sim de produzir leite de alta qualidade! Mas isso só acontecerá se as devidas precauções forem tomadas. 

Quando se fala de bem-estar animal, no entanto, a liberdade do animal em escolher a hora e a frequência de ordenha é um item bastante controverso, pois, ao mesmo tempo que dá ao animal maior controle sobre seu ambiente, pode deixá-la a mercê da competição
Ketelaar-Lauwere et al. (1996), por exemplo, afirmam que vacas menos dominantes são forçadas pela competição social ir para a ordenha durante a noite, o que significa que as vacas não tem total controle do ambiente nesses casos.

Mas então qual o melhor sistema, o tradicional ou a VMS?

O estudo de Hopster et al. (2002) comparou o sistema tradicional de ordenhadeira mecânica ao VMS quanto as respostas de estresse. Os resultados encontrados pelo autor foram bastante interessantes:


  • Não houve diferença no tempo de ordenha entre os sistemas.  
  • No entanto o tempo para se colocar as teteiras foi muito maior na VMS do que manualmente.
  • As vacas foram para a ordenha 3.0 + 0.19 vezes na VMS e no sistema tradicional foram ordenhadas 2 vezes.
  • Não houve diferença entre os sistemas para: 
    • A produção de leite diária
    • Gordura
    • Proteína
    • Lactose
    • Células Somáticas
    • Leite residual
Perante os resultados comportamentais e fisiológicos os autores afirmam que as vacas não estavam estressadas durante a ordenha em nenhum dos sistemas testados. No entanto, diferenças marginais quanto aos parâmetros fisiológicos e comportamentais favoreceram a VMS. 
Eles concluiram então que quanto ao bem-estar animal durante a ordenha tanto a ordenha tradicional quanto a VMS são aceitáveis.

Entretanto, a minha opinião, um ponto muito importante da VMS é acabar com as salas de espera. Dependendo do tamanho da ordenhadeira tradicional os animais passam um bom tempo em pé esperando para serem ordenhados. Já no caso da VMS é só a vaquinha levantar e fazer seu caminho até a ordenha, ser ordenhada (que não demora mais que 15 minutos) e voltar para a baia.

Fica ai um vídeo que mostra o funcionamento do Sistema Voluntário de Ordenha =D





Até mais!




quinta-feira, 26 de setembro de 2013

COMO MARCAR OS ANIMAIS PARA OBSERVAÇÃO DE COMPORTAMENTO

Boa tarde!

Quem já trabalhou em um projeto sobre comportamento de bovinos (seja de leite ou corte) sabe bem do que vou falar aqui hoje =D

Quando se analisa o comportamento desses animais se tem 2 opções:

ou você os assiste 'ao vivo' por determinado tempo anotando periodicamente seu comportamento

Nesse caso tinha a impressão de que era ela quem me observava =D


ou,  no caso  das instalações possuírem sistema de câmeras, você pode gravar o comportamento dos animais pelo tempo necessário e assistir aos vídeos anotando o comportamento periodicamente.


Visão do programa de vídeo usado na análise de comportamento

É possível também fazer a análise contínua do comportamento em ambos os casos, mas como esse trabalho pode ser bem complicado, além de demandar muito tempo, a pesquisa aceita que se faça a leitura do comportamento a cada 5 ou 10 minutos, dependendo do propósito do trabalho.

Dessa forma para se obter o tempo referente a cada comportamento por dia é só calcular, por exemplo, quantos intervalos de 5 minutos os animais apresentaram tal comportamento nesse período.

Parece uma tarefa fácil né! masss não é não! Um ponto crítico nesses trabalhos é a identificação de cada animal, pois ela tem que ser beemmm clara.

Mesmo vacas da raça Holandesa, que tem em suas manchas uma "digital", podem ser difícil de identificar à distância ou pelo vídeo.

É por isso que se teve a idéia de marcá-las com símbolos de forma que facilitasse a identificação.


A figura a seguir mostra como se faz essa marcação sem correr o risco de perdê-la ao longo do experimento.





No entanto, a tinta para cabelo não é a única opção... 


Para aqueles que não querem as vacas marcadas por muito tempo, existem no mercado bastões ou bisnagas de tinta colorida que saem facilmente em pouco tempo...

Fonte: http://www.livestockmarkers.com/

Fonte: http://genex.crinet.com/page160/RevealLivestockMarker?print=1


O legal disso tudo é que, seja com a tinta de cabelo ou com os marcadores temporários, a marcação dos animais é o momento em que o pesquisador pode deixar a imaginação fluir, e a diversão é garantida! 

Dá até para fazer algumas homenagens...




Olha ai! No meu trabalho tinha uma vaca com a inicial de cada um da minha família S2



Espero que tenham gostado do assunto de hoje!






Abraço


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Curso Online: Manejo do estresse calórico para aumentar a produção leiteira e sua rentabilidade

Bom dia!!!!
Hoje venho divulgar um dos cursos online Agripoint
Gostei muito da programação!
Vale a pena conferir

Acessem o link para maiores detalhes e para fazer a inscrição:
Curso Online: Manejo do estresse calórico para aumentar a produção leiteira e sua rentabilidade


Por que participar deste curso?

Nas maiores regiões de produção leiteira no Brasil, os animais são acometidos por estresse devido às altas temperaturas em mais da metade do ano. Essas condições geram grandes perdas econômicas aos produtores de leite devido a redução de produtividade, fertilidade do rebanho e a baixa eficiência alimentar. Participando desse curso, profissionais e produtores de leite, entenderão os mecanismos pelos quais vacas são afetadas negativamente pelo etresse calórico e irão se familiarizar com diferentes meios de resfriamento utilizados para as diversas condições de clima e instalações. Os participantes também terão o conhecimento necessário para instalar e operar adequadamente os meios de resfriamento, medir e quantificar os benefícios de resfriarem suas vacas.

Programação:

Módulo 1 - A interação entra a vaca e o meio ambiente

• Zonas climáticas do mundo (relacionadas a produção leiteira).
• Diferentes fatores climáticos afetando o desempenho de vacas leiteiras.
• ITU ( Índice de temperatura e umidade).
• A zona termo-neutra de vacas leiteiras.
• O que é “estresse calórico” e como medi-lo?

Módulo 2 - O efeito do estresse calórico na fisiologia e comportamento de vacas leiteiras

• Produção de calor de vacas leiteiras.
• Mecanismos de dissipação de calor pela vaca leiteira.
• Mudanças comportamentais de vacas com estresse calórico.
• Mudanças fisiológicas de vacas com estresse calórico.

Módulo 3 - efeito negativo do estresse calórico no desempenho das vacas

• Produção de leite.
• Teor de gordura e proteína do leite.
• Qualidade do leite.
• Eficiência alimentar.
• Fertilidade.
• Saúde geral e do úbere.
• Desenvolvimento do tecido mamário na fase final da gestação.

Módulo 4 - Os diferentes meios de redução do estresse térmico (resfriamento de vaca)

• Resfriamento direto ( ventiladores e aspersores).
• Dimensionamento e posicionamento do projeto dentro da propriedade.
• Sistemas de resfriamento indireto ( nebulização e placas evaporativas em túnel e ventilação cruzada do tipo low profile (LPCV).
• Adaptando o sistema de resfriamento ao clima da fazenda e condições das instalações.
• Os benefícios de resfriar vacas na:
-Produção de leite.
-Composição do leite.
-Qualidade do leite.
-Consumo alimentar e eficiência alimentar.
-Fertilidade.
-Saúde geral e do úbere.
-Desenvolvimento do tecido mamário na fase final da gestação.

Módulo 5 – Aspectos aconômicos na redução do estresse calórico e avaliação da efetividade do resfriamento

• Gestão de processos, indicadores e metas.
• Perdas econômicas devido ao estresse calórico.
• Benefícios econômicos do resfriamento de vacas.
• Custo efetivo do resfriamento de vacas em fazendas de diferentes condições.
• Métodos de avaliação da efetividade do resfriamento:
-Métodos de curto prazo – temperatura corporal, taxa de respiração e taxa de ruminação.
-Métodos de longo prazo – índice de variação entre verão e inverno.



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Relaxar e coçar é só começar...

Todos que já tiveram a oportunidade de visitar uma fazenda onde o coçador automático rotativo para vacas é utilizado, com certeza chegaram a conclusão de que elas não gostam de se coçar... ELAS AMAM!

A alguns dias postei essa foto na página do face e pensei que seria legal trazer esse tema para ser discutido aqui no blog.

Afinal o que diz a pesquisa a respeito da utilização do coçador automático?!




Primeiramente é importante ressaltar que se coçar é um comportamento considerado normal para os animais de produção, como cavalos, porcos e bovinos.

Tal comportamento tem diversas funções mas a principal delas é manter a limpeza.
O ato de se coçar ajuda os animais a remover lama, fezes, urina, insetos e parasitas dos pêlos e assim reduz o risco de doenças.

As vacas leiteiras para se coçarem, normalmente usam a língua, ou coçam com os pés traseiros, ou ainda golpeiam com o rabo na tentativa de alcançar todas as partes do corpo.

No entanto algumas partes são inacessíveis para esses animais, como é o caso da cabeça, pescoço, costas e o quarto traseiro, e nesses casos elas vão usar qualquer objeto disponível no ambiente para alcançá-los.

Afinal tem coisa pior do que sentir coceira naquele lugar que não alcançamos?! rsrs

Como além de ser natural, esse comportamento parece ser importante para as vacas leiteiras o enriquecimento do ambiente pode trazer vantagens ao bem-estar desses animais.

É ai que entra a utilização do coçador automático pois ele permite que as vacas satisfaçam o comportamento natural de se coçarem mais facilmente, podendo assim reduzir o estresse devido ao tédio causado por ambientes de confinamento (De Vries et al., 2007).

O uso do coçador automático tem se mostrado benéfico segundo diversos estudos.

DeVries et al. (2007) testaram 72 vacas holandesas em lactação para o uso ou não do coçador automático.

Nesse estudo durante a primeira semana as vacas passaram por um período de adaptação ao novo grupo formado, na segunda semana o comportamento das vacas foi monitorado como controle e na terceira semana o coçador automático foi instalado nos currais e as vacas foram avaliadas quanto a sua utilização por 2 semanas.

Até 24h após a instalação do coçador automático 56,9% das vacas utilizaram o instrumento.

Após 7 dias 93% dos animais usaram o coçador e ao final do período de tratamento apenas 1 vaca não tinha utilizado o coçador.

Quando o coçador estava presente os animais passaram mais tempo se esfregando no coçador automático (6,76 min) do que na parede (0,44 min.) ou bebedouro (0,22 min.).

Além disso quando introduzidas ao coçador automático, as vacas aumentaram em 508% o tempo gasto se coçando e em 226% a frequência de eventos.

Os resultados desse estudo indicam que o coçador permite maior facilidade de alcançar os lugares inacessíveis e pode trazer benefícios ao bem-estar. Pelos resultados também é possível concluir que os animais gostam de usar o coçador automático.

O trabalho de Newby et al. (2012) apresentaram resultados interessantes, os autores testaram  o uso do coçador automático por vacas no pré e pós-parto.

A hipótese do estudo foi de que se o coçador automático pode trazer benefícios às vacas em lactação, disponibilizá-lo para vacas no pré e pós-parto poderia ajudá-las a lidar com o estresse relacionado a esse período.

Os resultados foram bastante interessantes.

No curral de pré-parto todas as vacas utilizaram o coçador automático com média de 31,5 + 17,7 min/d entre 72 e 48 horas antes do parto. Tempo esse bem maior do que o encontrado por De Vries et al. (2007) que foi de 5 a 7 min/d.

As vacas que tiveram o coçador automático no curral maternidade, curiosamente, lamberam os bezerros por mais tempo nas primeiras horas após o parto. Segundo os autores uma possível explicação para o fato é que o uso do coçador pode ter aumentado os níveis de ocitocina nesses animais e esse hormônio tem função na ligação materno filial em mamíferos.

(Particularmente achei muito legal esse resultado encontrado!)

O estudo de Miwa e Takeda (2013), por sua vez, mostrou que o modelo do coçador também é importante.

Os autores comparam o uso do coçador automático equipado com um dispositivo que o liga quando o animal o toca (como mostra a foto que postei no face) e o coçador estacionário (figura a seguir) por vacas leiteiras confinadas em free stall.


Foto tirada do site da De Laval.
Os resultados indicaram que o coçador automático foi utilizado por 44% dos animais por dia enquanto que o estacionário foi utilizado por 29% das vacas por dia.

O coçador automático foi mais usado para coçar o quadril e as patas traseiras enquanto que o estacionário foi mais usado para a cabeça e pescoço.


A conclusão geral é que independente do modelo o coçador pode trazer benefícios ao bem-estar de vacas leiteiras confinadas. Portanto aos produtores que pensam em investir no bem-estar dos animais, esse pode ser um investimento que vai agradar o rebanho.

E ai vai um videozinho para animar a noite =D








Abraço.


REFERÊNCIAS

DE VRIES, T. J.; VANKOVA, M.; Veira, D. M.; VON KEYSERLINGK, M. A. G. Short communication: Usage of Machanical Brushes by Lactating Cows. Journal of Dairy Science, v. 90, p. 2241-2245, 2007.

NEWBY, N. C.; DUFFIELD, T. F.; PEARL, D. L.; LESLIE, K. E.; LEBLANC, S. J. Short communication: Use of mechanical brush by Holstein dairy cattle around parturition. Journal of Dairy Science, v. 96, p. 2339-2344, 2012.

MIWA, K.; TAKEDA, K. Use of automatic and stationary cow brushes by dairy cows. In: 47° Congress of the ISAE, 2013, Florianópolis: Anais do 47° Congress of the ISAE. p.185.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Alojamento Individual prejudica o aprendizado reverso em bezerros leiteiros.

Olá galera me desculpe a demora para colocar um novo post aqui no blog...
a vida andou corrida nos últimos dias =D

Mas vamos lá! Dando sequência as pesquisas apresentadas no 47° ISAE hoje vou falar sobre o
trabalho do aluno da UFSC Ruã Daros na  realizado UBC.

Gostaria primeiramente de agradecer o Ruã por disponibilizar o material para postagem no blog.



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Alojamento individual prejudica o aprendizado reverso em bezerros leiteiros



        Os animais zootecnicos durante sua vida produtiva são frequentemente confrontados por mudanças; que podem ser simples como a mudança de um curral para outro, ou totalmente novas como adaptação a comedores automáticos, ordenhadeira robótica, dentre outras.
         O que a pesquisa vem tentando solucionar atualmente é se a criação em grupos pode ajudar os animais a lidar com esses desafios. A maioria dos produtores de leite criam seus bezerros individualmente a fim de evitar a transmissão de doenças, no entanto esse tipo de criação limita a oportunidade dos bezerros de brincar e realizar outros comportamentos sociais (Faerevik et al., 2006, Jensen et al., 1997). Em outros animais, estudos apontam que isolamento social prejudica o desenvolvimento cerebral e cognitivo e consequentemente a flexibilidade comportamental desses animais pode ser reduzida (ver revisão Fone & Porkess, 2008).

     Uma forma de se avaliar a flexibilidade comportamental é a utilização do APRENDIZADO REVERSO, que vai testar a capacidade do animal de inibir e modular os padrões de comportamento aprendidos anteriormente.


As perguntas a serem respondidas com a pesquisa realizada pelo Ruã foram: 


A criação em grupo afeta o desempenho cognitivo dos bezerros?


A criação em grupo pode afetar a aprendizagem de discriminação inicial e a aprendizagem reversa?



Animais: criados em grupo (figura a esquerda) e individualmente (figura a direita).


        MATERIAL E MÉTODOS


Os bezerros foram criados individualmente (n=7) ou em grupo (n=8) com outros bezerros e vacas.

Os bezerros foram treinados, usando uma tarefa de ir/não-ir, 2 vezes ao dia começando aos 5 dias de idade para discriminar entre duas cores em uma tela, branco e vermelho.

Semelhante ao que foi feito pela Heather (que vimos em uma postagem anterior), o treinamento realizado nesse estudo aconteceu da seguinte forma: quando tocavam a tela positiva ganhavam leite e quando tocavam a tela negativa ficavam 1 minuto sem contato com o treinador ou leite. Como mostra a figura a seguir: 




A fase de discriminação começava assim que os bezerros aprenderam a responder ao estímulo positivo (mais de 90% de respostas corretas - 20 estímulos positivos por sessão). 
Cada sessão consistia de 20 estímulos positivos e 2, 4 e 6 estímulos negativos, aumentando nas sessões de 1 a 3 consecutivamente. Para a fase de discriminação o critério de aprendizagem era definido quando o animal atingia 100% de respostas corretas para o estímulo negativo por 2 sessões consecutivas.
Então os estímulos de treinamento eram revertidos de forma que as telas tinham significados opostos da fase de discriminação ( como mostra a figura a seguir) e o treinamento era continuado por mais 13 sessões


Foi avaliado portanto o número de animais que conseguiram alcançar o critério de aprendizagem após o revertimento das telas, comparando os animais criados em grupo e individualmente

Segue o vídeo do treinamento

(é o mesmo que postei anteriormente mas tenho certeza que vocês não se cansarão de ver essa fofura!)







RESULTADOS

Na fase de discriminação os bezerros atingiram o critério de aprendizagem em 9.67 + 2.29 sessões em média, sem diferença significativa entre os tratamentos.



Na fase de aprendizagem reversa, 7 dos 8 bezerros criados em grupo foram capazes de alcançar o critério de aprendizagem (após 10.29 ± 2.43 sessões em media), no entanto apenas 1 dos 7 bezerros criados individualmente conseguiram alcançar o critério (após 10 sessões) (Fisher-exact test; P=0.008)







CONCLUSÕES



Os sistemas de criação podem afetar o desempenho cognitivo de bezerros leiteiros.
A criação individual prejudica a reversão de aprendizagem e pode levar ao desenvolvimento de rotinas de comportamento inflexível.



REFERÊNCIA
DAROS, R. R.; COSTA, J. H.; VON KEYSERLINGK, M. A. G.; HOTZEL, M. J.; WEARY, D. M. Individual housing impairs reversal learning in dairy calves. In: 47° Congress of the ISAE, 2013, Florianópolis: Anais do 47° Congress of the ISAE. p.88.

e-mail do autor para contato e dúvidas: rrdaros@gmail.com





sexta-feira, 19 de julho de 2013

Questionário sobre a percepção de bem-estar animal entre vegetarianos e não-vegetarianos,

Galera esse questionário é de um trabalho realizado pela  aluna da PUC Andressa Luiza Cordeirosob orientação da Prof.Marta Fischer 


O trabalho tem por objetivo:  

"Avaliar sa percepção de bem estar animal é semelhante ou não para pessoas vegetarianas e não-vegetarianas."







Vamos colaborar com essa pesquisa preenchendo o questionário.

São dois questionários, uma para não vegetarianos e outro para vegetarianos. 

Por favor responda somente um deles.  

Qualquer dúvida ou comentários fique a vontade para mandar um e-mail

Após preenchido enviar o questionário para a Andressa no e-mail:
andressalcordeiro@hotmail.com

Muito obrigado! 
=D