domingo, 23 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL!

Gostaria de aproveitar o espaço para desejar um FELIZ NATAL a todos que trabalham pelo desenvolvimento da cadeia leiteira brasileira.

Que essa data traga muitas felicidades, esperança e paz a todos nós!

Fiquem com Deus

Até o próximo post!

=D


MOCHAÇÃO DE BEZERRAS


 Hoje vamos falar sobre uma técnica amplamente utiliada em propriedades de leite:

A MOCHAÇÃO DE BEZERRAS.


Figura 1. Bezerra sendo mochada a ferro quente.


Existem diversas técnicas que são hoje empregadas para a mochação de bezerras, dentre elas a mais comum aqui no Brasil é a mochação a ferro quente, onde se queima, com ajuda de ferro aquecido em fogo ou ferro elétrico, o botão cornoal que dará origem ao chifre.

A técnica é feita alguns dias após o nascimento quando já é possível identificar o botão cornoal, porém o maior problema em relação ao Bem-Estar dos animais quanto a esse procedimento é a dor envolvida no processo, já que na grande maioria das propriedades não se usa nem anestésico durante, nem antiinflamatório para controle da dor depois e muito menos um sedativo para facilitar a contenção.


O trabalho de Von Keyseringk et al. (2009) traz uma revisão sobre assunto:


Nessa revisão os autores citam que todos os métdos de mochação causam dor, que pode ser visualizada através de uma variedade de mensurações fisiológicas e comportamentais.

Sabe-se que somente a utilização do anestésico não pode mitigar a dor e não proporciona alívio da dor no pós-operatório.

Segundo os autores, a lidocaína é o anestésico local mais popular para a anestesia local, porém ela é efetiva por 2 a 3 h a partir da administração.

Stafford e Mellor (2005) encontraram que bezerras tratadas com anestesia local apresentam, após a anestesia local perder efeito, níveis de cortisol plasmático similar aos animais não tratados com anestesia local.

No entanto o uso de antiinflamatório não esteroidais, como o ketoprofeno, em adição a anestesia local pode manter o nível plasmático de cortisol e respostas comportamentais próximos ao nível basal nas horas que seguem a mochação.

Durante a mochação os animais respondem não só a dor mas também a contenção. Mesmo que e utlize anestésico local as bezerras ainda necessitam de contenção. O uso de um sedativo como o caso da xilazina pode eliminar a necessidade de contenção e as respostas a administração do anestésico local.

Portanto:


sedativo + anetésico local + antiinflamatório = MENOS DOR 



Outra alternativa a mochação a ferro quente segundo Von Keyserlingk et al. (2009) é o uso da pasta caustica para queimar o botão cornoal. Apesar desse método também ser doloroso a dor parece ser mais fácil de controlar.


Figura 2 Bezerras mochadas com pasta cáustica


Bezerras tratadas somente com xilazina mostraram resposta imediata a  aplicação da pasta porém a resposta nas horas seguintes foi baixa (Vickers et a., 2005)

Portanto a mochação com a pasta combinada a administração de sedativo proporciona menos dor do que a mochação a ferro quente combinada com ambos sedative e anestésico local .


Vale lembrar que a utilzação da pasta deve ser feita com muito cuidado.
O animal precisa estar protegido do tempo e a aplicação deve ser feita no local correto.

Caso os animais sejam mantidos a pasto ou até mesmo em casinhas no pasto com corda no pescoço, eu diria que a utilização dessa pasta não é recomendada já que a chuva e o calor pode fazer com que a pasta escorra nos olhos, causando sérias lesões.


Todas essas informações são muito importantes no âmbito do Bem-Estar animal, porém a campoo o que vemos é uma grande resistência a utilização de controle da dor na mochação.
A desculpa sempre é o custo.

Façamos aqui então uma conta simples de quanto custaria ao produtor que usa mochação a ferro quente o sedativo, anestésico local e o antiinflamatório por animal.

1 frasco 20 ml de xilazina = R$ 20,00
1 frasco 10 ml de lidocaína = R$ 10,00
1 frasco 50 ml de ketoprofeno = R$ 95,00

TOTAL: R$123,00

Suponhamos que os bezerros tenham em média 40Kg

xilazina: R$ 0,45
lidocaína: R$ 3,00
ketoprofeno R$ 0,63


TOTAL: R$ 4,08 por animal mochado

Sendo que desses medicamentos o único que daria poucas doses  é a lidocaína (2 ou 3 doses).
A xilazina e o ketoprofeno fazem diversas doses com 1 frasco.

Será mesmo o preço o fator limitante?

Na minha opinião deve-se colocar na balança os benefícios de promover algum conforto a esses animais.

Se feito da forma correta a mochação com sedativo, anestésico e antiinflamatório pode até ser mais rápida que a sem controle nenhum de dor já que o tempo gasto com contenção e a quantidade de pessoas necessárias nesse caso são maiores.


Bom galerinha por hoje é isso...



Espero que essas informações ajudem de alguma forma =D



grande abraço



Foto tirada por Hather Neave.




Von Keyserlingk, M. A. G, Rushen, J., de Passillé, A. M., Weary, D. M. 2009.  Invited review: The welfare of dairy cattle—Key concepts and the role of science. J. Dairy Sci. 92 :4101–4111

Stafford, K. J., and D. J. Mellor. 2005. Dehorning and disbudding distress and its alleviation in calves. Vet. J. 169:337–349.

Vickers, K. J., L. Niel, L. M. Kiehlbauch, and D. M. Weary. 2005. Calf response to caustic paste and hot-iron dehorning using sedation with and without local anesthetic. J. Dairy Sci. 88:1454-1459.






quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

COLOSTRO e Bem-Estar de bezerras.


Hoje vou falar sobre um assunto importante quando se fala de desempenho e Bem-Estar de bezerras.

Em uma propriedade de leite é essencial que devida atenção seje dada as bezerras.
E na realidade do campo vemos que nem sempre é isso que acontece.

Esses animais são frágeis e qualquer descuido principalmente até a desmama pode causar perdas significativas seja por morte de animais ou ainda mais grave por atraso no desenvolvimento dos mesmos. Bezerras mal cuidadas demoram mais para ganhar peso suficiente para inseminação, por exemplo.

Uma medida simples que pode trazer imensas vantagens para a produção de bezerras é o manejo correto do colostro.

Sabe-se que bezerras devem receber o colostro em até 6 horas pós-parto, pois nesse período elas consiguirão absorver as imunoglobulinas ou Igs (responsáveis por garantir melhor imunidade aos animais).

A maioria dos mamíferos recebem as Igs através da placenta, porém em ruminantes, devido suas características essa passagem placentária não é possível.

Bezerras que recebem o colostro a tempo, poderão, portanto, ser mais resistentes a doenças.

E isso é muito importante já que são muitos os desafios que uma bezerra leiteira passa até o desmame. Segue alguns exemplos:

- Bezerras são afastadas de suas mães em no máximo 24 horas, o que gera fonte de estresse.

- É comum a alimentação de bezerras com leite descarte e a contaminação desse leite normalmente é alta, podendo causar diarréia.

- O ambiente por si só também é um desafio, a limpeza dos bezerreiros é um ponto crítico em muitas propriedades leiteiras.


E esses são só alguns dos desafios enfrentados por esses animais.

Por essas e tantas outras razões que é tão importante o manejo correto do colostro!

Baseando-se na minha experiência a campo, no caso da administração por mamadeira, um dos meios mais usados, alguns detalhes são bem importantes:

- Garantir que as bezerras recebem o colostro a tempo.

- Não deixar o colostro no canto da sala de ordenha por muito tempo.

- Usar mamadeiras limpas e em bom estado.

- A quantidade fornecida. (Preconiza-se 10% do peso vivo do animal, ou mínimo de 4 l para se garantir a absorção de Igs necessária.)


A todos aqueles que trabalham a campo ou tem sua propriedade, garanto que já passaram por uma das seguintes situação:


- Uma bezerra nascida entre ordenhas que se aguardar pela próxima ordenha passará do tempo de receber o colostro.

- Uma vaca que morre no parto e não tem nenhum colostro para dar para a bezerra que nasceu.

- Uma vaca que não produziu a quantidade de colostro necessária na primeira ordenha, especialmente novilha.



e dai vem aquela pergunta: O QUE FAZER?




O BANCO DE COLOSTRO pode resolver todos esses problemas e ainda garantir que suas bezerras receberam colostro de qualidade.

Mas quando se fala da implantação de banco de colostro muitos produtores ainda são bem resistentes...

Porém implantação não é difícil e ao contrário do que muitos pensam, não dá tanto trabalho! E ainda mais, os benefícios são claros!

Desafio um produtor que esteja implantando o Banco de Colostro a fazer uma avaliação dos animais agora e depois de 3 meses. Garanto que as bezerras estarão mais saudáveis. =D


Vamos então fazer aqui um esquema de como implantar um BANCO DE COLOSTRO:


1. COLETA DE COLOSTRO.

O colostro que sobrar da primeira ordenha é o que será utilizado.



2. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE

Logo após a ordenha o colostro deve ser avaliado quanto a qualidade.

Usa-se um colostrômetro para fazer essa avaliação.


Figura 1. Colostrômetro

Coloca-se o colostro no tubo de ensaio e então se coloca o colostrômetro dentro como mostra a figura a seguir.
Figura 2. Colostrômetro dentro do tubo com leite

Observa-se então a linha do leite:

região verde = alta qualidade

regiãoamarela = qualidade intermediária

região vermelha = má qualidade


3. ACONDICIONAMENTO

Se classificado como de alta qualidade o colostro deve ser colocado em um vasilhame de plástico, como uma garrafa pet por exemplo.

É importante que cada vasilhame contenha a identificação do animal, data e também a qualidade do colostro.

Então se coloca o colostro no congelador.

O colostro deve ser mantido congelado até a utilização e a validade é de aproximadamente 1 ano.


4. DESCONGELAMENTO

O descongelamento deve ser feito em banho-maria em água ente 45 e 50 ͦ C.


Obs. Checar a temperatura do colostro antes de dar para a bezerra, melhor que esteje próxima a temperatura ambiente.

Em caso da bezerra não conseguir ingerir a quantidade de colostro necessária pode-se utilizar a sonda esofágica porém é muito importante que a pessoa seje treinada para fazer isso.




IMPORTANTE:
O colostro não perde qualidade por ser congelado e se for descongelado da forma correta.



Garantir um colostro de boa qualidade, garantirá bezerras mais saudáveis e portanto garantirá também melhor qualidade de vida a esses animais.


Como vimos não é difícil... basta ter força de vontade!


Espero ter colaborado de alguma forma...

Estou aberta para dúvidas e discussões







Até a próxima

=D










terça-feira, 11 de dezembro de 2012

EU TIRO UM LEITINHO...

Quando perguntamos a um produtor de leite, especialmente os de médio e pequeno porte, qual a atividade que ele exerce em sua propriedade na maioria das vezes recebemos a resposta:

"Ah, eu tiro um leitinho na minha propriedade, tenho algumas vaquinhas..."

Eu considero essa resposta o famoso: Escondendo o leite!

Isso mesmo!!!

E qual o problema disso? Para mim é a forma com que o produtor encara sua propriedade.
Eu já vi produtor que tem umas vaquinhas que tirava mais de 1000 litros de leite/dia!

Pergunte a um produtor de gado de corte qual é sua atividade e você receberá a resposta:
"Eu tenho uma fazenda de gado de corte!" (mesmo que a fazenda não seje tão grande assim).

Nada contra os produtores de corte, pelo contrário eu admiro essa posição quanto a atividade!
Normalmente produtores de gado de corte valorizam sua atividade

E se os produtores de leite respondessem: "Eu sou produtor de leite!"
Vejam com faz a diferença, não é mesmo?! Não interessa se você produz 30, 50, 100, 1000 ou 15000 litros/dia VOCÊ É PRODUTOR DE LEITE!!!

Isso valoriza a atividade!!!!!

E como isso se relaciona ao Bem-Estar Animal Cristiane??? (garanto que é essa a pergunta de quem começou a ler esse post)

O produtor que valoriza sua atividade traz sua propriedade como sua EMPRESA então só sua forma de SUBSISTÊNCIA!

Não interessa o tamanho da sua produção, interessa sim se você tem controle de produção de leite, de desempenho das bezerras, manejo reprodutivo adequado, instalações adequadas (dentro de cada sistema), manejo de pastagem... Enfim tantas outras coisas que englobam uma propriedade leiteira.

E é ai que entra o Bem-Estar Animal, o produtor que valoriza sua propriedade e a trata como sua empresa se importa também com o manejo dado aos animais já que esses serão os principais responsáveis pelo LUCRO!

Portanto se torna muito mais fácil convencer esse tipo de produtor a implantar medidas que serão benéficas aos animais e também a produção.

Vou dar um exemplo de quando eu era bolsista de extensão no Universidade em Fronteiras:

Costumávamos atender um produtor que tinha café e leite em sua propriedade pequena propriedade.

De início aompanhávamos a produção de leite, fazíamos o balanceamento alimentar dos animais e promovíamos melhoras na pastagem.

Após algum tempo implantamos o acompanhamento de desenvolvimento de bezerras e checagem do rebanho.

Sempre admirei esse produtor pela forma com que ele tratava a sua atividade, mesmo sendo um pequeno produtor com 5 hectares de terra e apenas 10 vacas em lactação ele realmente acreditava que era possível se profissionalizar na atividade.

Resultado:
Após alguns meses de acompanhamento ele acabou com o café (por que dava trabalho extra e ele era sozinho na propriedade) plantou mais pasto e piqueteou.

A produção no mínimo dobrou e ele chegou inclusive a implantar um sistema silvipastoril e construir uma sala de ordenha (dentro de suas necessidades).

Os avanços nessa propriedade foram claros e só foi possível porque o produtor via nela sua EMPRESA!

Com certeza nesse processo de mudança a condição dos animais também melhorou (e muito!!!)

Na minha opinião essa é umas das melhores formas de se implantar o Bem-Estar Animal a campo: AJUDANDO O PRODUTOR A SE TECNIFICAR EM SUA PRODUÇÃO!!!!


Já que em nosso país a maior parte do nosso leite é produzido por médio e pequenos produtores temos que dar a eles primeiro condições para se tecnificarem e o Bem-Estar animal será uma consequência BOA desse processo!!!



VAMOS VALORIZAR A ATIVIDADE LEITEIRA!!!!



Uma boa tarde galera...

=D










sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Você sabe o que tem por tras de uma caixinha de leite?

Você sabe como é produzido o leite e outros tantos produtos que consumimos no dia a dia?

Garanto que a maioria das pessoas que não trabalham na área não tem nem idéia de como as coisas acontecem por trás de uma caixinha de leite.

Como é que podemos cobrar melhorias no bem-estar dos animais de produção se a grande maioria da população não tem nem idéia do que exigir?

Quando se pergunta a alguém se ela se importa com a forma com os animais são criados provavelmente 90% responderia que SIM porém na hora da escolha dos produtos no mercado elas se esquecem disso!

Um estudo realizado na UFPR demonstrou essa situação de forma bem clara:

Foi aplicado um questionário em mercados sobre a importância de quesitos como preço e qualidade e lá no meio do questionário estava a opção bem-estar animal.

Após o preenchimento do formulário as pessoas receberam informações sobre os métodos de criação dos animais e classificaram as opções novamente.

O quesito Bem-Estar de pouco valor na primeira avaliação pulou para uma das 3 primeiras colocações na segunda vez que o questionário foi preenchido.

E o mais interessante foi que diversas pessoas optaram por produtos que seguiam normas de Bem-Estar após receberem informações sobre os sistemas de criação.

Não quero dizer aqui que todos precisam saber dos processos de produção ou até mesmo o que rola dentro de um abatedouro. Mas sim que a indústria falha (conscientemente ou não) em transferir esse tipo de conhecimento a população.

Toda vez que se fala em produtos que valorizam o Bem-Estar a discussão sempre termina da mesma forma:
                      ESSES PRODUTOS SÃO MUITO CAROS!!!

Ai eu me pergunto... se as pessoas que tem condições de pagar um pouco a mais por esse tipo de produto o fizessem seria um estímulo para que os preço baixassem no futuro!

Mas a falta de informação faz com a grande maioria defenda o preço como fator limitante.

Muitos animais sofrem de diversas formas na produção de leite e em outras produções, e o pior é que esse sofrimento poderia ser amenizado por simples medidas muitas vezes.

Um exemplo simples disso seria o fornecimento de água aos animais, em muitas propriedades os animais precisam andar bastante para ter acesso a ela.

A implantação de cochos no pasto é sim um investimento, mas os benefícios aos animais e a produção podem ser significativos, especialmente na produção de leite.

E isso é só um exemplo, ainda tem doenças, estresse térmico, instalações inapropriadas...

Se produtos provenientes de locais onde o sofrimento animal fosse mínimo tivessem seu devido valor ético MUITO desse sofrimento seria evitado.

Mais uma vez venho apelar aos técnicos, alunos, docentes que atuam na produção leiteira
Vamos trabalhar juntos para garantir produtos de qualidade para as pessoas e os animais!

Tenham uma boa tarde!



quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

MELHORIAS NA EDUCAÇÃO A SOLUÇÃO PARA TODOS OS PROBLEMAS...

Após uma semana de muita discussão em uma disciplina muito produtiva do mestrado voltei para casa com um pensamento:

"Aqui no Brasil nosso maior problema é a educação."

Essa frase parece um chavão, e logo após a ela sempre vêm críticas as politicas do governo certo?!

Hoje eu queria ir um pouco a fundo nesse pensamento, deixando de lado os "PORQUÊS" da nossa educação ser tão falha.

Quando se fala de Bem-Estar Animal a resistência é geral... seja produtores, alunos e até mesmo professores... mas de onde vêm essa barreira quanto ao assunto?
ignorância?
falta de conhecimento?
desinteresse quanto aos animais?

Eu diria um pouco de tudo isso mas principalmente vem da falta de ENSINO DE QUALIDADE! e não é só na área não viu?!


Observando a história de outros países vemos que quanto maior o desenvolvimento maior é a preocupação quanto os animais e maior também a discussão em como tratá-los. Lembrando que quanto mais desenvolvido também melhor é a EDUCAÇÃO.

A Grã-Bretanha é um belo exemlo disso. No passado o cuidado com os animais, eu diria, era nulo (como já comentamos em posts anteriores) e hoje é a região do mundo com as melhores políticas de Bem-estar Animal.

Agora eu me pergunto....


Se no Brasil as pessoas que estão diretamente ligadas a produção tem toda essa resistência ao assunto como os consumidores vão exigir alguma mudança?

Hoje em dia no nosso país a preocupação gira em torno da PRODUÇÃO, as questões de Bem-Estar são deixadas de lado pela maioria.

Nossos produtores em sua grande parte não se importantam se uma animal não tem sombra, por exemplo, eles se importam se a vaca está produzindo bem. Se cair a produção ai sim a preocupação aumenta.

Nossos docentes, e aqui eu vou restringir as Universidades, muitas vezes se dedicam a uma área específica e esquecem que Bem-Estar Animal pode ser incluído em qualquer área.

Seja reprodução, nutrição, clínica ou qualquer outra disciplina a impressão que tenho é que muitos profissionais criam uma carapaça para se "proteger"de discussões sobre o assunto.

Muitos inclusive não respeitam bem-estar como ciência e não percebem que nosso objetivo, assim como o deles é tornar as produções mais eficientes e lucrativas do ponto de vista também do animal.

E se nossos docentes não se preocupam quem dirá os alunos. Se a mentalidade não mudar dentro das nossas Universidades não vai mudar nada no campo não!
Quando você entra em uma sala de aula a impressão que se tem é a de que os alunos acham a disciplina de Bem-Estar INÚTIL. É triste ver que as pessoas consideradas com o futuro da nossa nação em sua maioria pensam que questões de bem-estar e produção não combinam.

O que podemos fazer para mudar isso???

Na minha opinião, primeiramente se deve trazer mais pesquisas na área para o Brasil!
Não temos ainda muitos dados para nos basear em pesquisas feitas aqui. E nos basear em pesquisas de fora pode nos levar ao erro...

A criação de disciplinas de Bem-Estas Animal nas Universidades que tentem levar aos alunos uma visão mais ampla quanto ao assunto seriam uma outra alternativa.

E finalmente levar as pesquisas ao campo... por mais que os produtores não acreditem em muitas das técnicas de Bem-Estar garanto que quando os resultados chegarem mudarão seu ponto de vista.

Como exemplo a implantação de bancos de colostro em propriedades.
É sempre difícil convencer um produtor a implantá-lo, mas uma vez feito a melhora na saúde das bezerras é tão clara que o produtor adota a técnica no dia-a-dia.
Técnica essa que traz uma melhora considerável a vida desses animais.

Não penso que nosso país não tem solução, penso que por mais lento que seja o processo de conscientização sobre Bem-Estar Animal ele está ocorrendo.

A EDUCAÇÃO é o caminho!!!



Dia de campo com produtores de Leite das Redes de Referência. 
Essa é uma das muitas formas de transferência do conhecimento e pesquisa aos produtores, 
alunos, pesquisadores e produtores trabalhando juntos.


TENHAM UM ÓTIMO DIA!










segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Perguntar aos animais o que eles preferem... será essa a melhor alternativa para saber o que é melhor para eles?


        No desenvolvimento de ambientes para animais é muito importante saber o que os animais preferem. Atualmente os testes de preferência tem sido bastante utilizados a fim de melhorar os sistemas de confinamento.

Em testes de preferência é dado aos animais o poder de escolha entre dois ou mais recursos ou situações e assume-se que suas escolhas estejam relacionadas aos seus melhores interesses. Porém por mais que esses testes pareçam ser a forma mais óbvia e direta de se perguntar a um animal o que ele quer de seu ambiente, podem ocorrer erros de interpretações.

        É importante que esses testes sejam muito bem controlados a fim de garantir dados confiáveis. Por exemplo, é importante que os animais tenham a mesma experiência em todas as opções fornecidas. Animais quase sempre escolhem maximizar o bem-estar momentâneo ao invés do bem-estar a longo prazo e a idade, força e hora do dia podem também influenciar a preferência.

A experiência prévia dos animais também é fator decisivo para um bom teste de preferência. Os animais podem simplesmente refletir o que eles estão acostumados, animais podem não escolher o que seria melhor para eles, portanto a opção menos preferida pode ainda ser importante.

Testes de preferência podem ser bastante úteis como uma primeira fase na identificação de características dos sistemas de confinamento que são importantes para os animais e podem ser uma fonte poderosa de compreensão em como o gado percebe aspectos do seu ambiente e como eles classificam as várias opções fornecidas.



Vamos citar aqui 2 exemplos de testes de preferência relacionados a um tema bem polêmico, a preferência entre freestall e pastagem. 

O trabalho de Charlton  et al. (2011) que testou o efeito do fornecimento da dieta total no freestall e no pasto na preferência de vcas leiteiras concluiu que as vacas tiveram preferência parcial de 71% pela pastagem e essa preferência não foi influenciada pelo fornecimento da dieta total na pastagem. Algo interessante observado pelos autores é que as vacas passaram menos tempo no pasto conforme as estações do ano progrediam.

Já no estudo realizado por Legrand et al. (2009), onde também foi comparada a preferência entre freestall e pasto, concluiu-se que as vacas não mostraram preferência maior por uma condição ou outra e que a preferência se mostrou condicional a hora do dia e fatores ambientais.

O que eu quero ressaltar aqui é que é necessário cautela ao se interpretar tais resultados.

Por exemplo, nos estudos citados acima os resultados mostrados não nos diz, na minha opinião, qual é melhor, o pasto ou freestall e sim mostra que os animais parecem dar valor a aspectos de ambos sistemas. Cabe a pesquisa agora "perguntar" aos animais sobre esses aspectos para ai sim concluir algo a respeito.

Talvez se tivesse mais sombra no pasto as vacas iriam preferí-lo 

Ou talvez se a cama estiver bem limpa e as bais fossem grandes no freestall as vacas iriam utilizá-lo mais que o pasto. 

Ou ainda se a temperatura fosse baixa do lado de fora isso talvez faria com que elas procurassem abrigo dentro do confinamento e isso não quer dizer que as baias sejam confortáveis ou que elas gostam mais do freestall e sim que elas estavam procurando abrigo do frio.

São muitos fatores que influenciam esses resultados porém todos eles são de extrema importância, pois de pergunta em pergunta, acredito eu, que um dia chegaremos em uma resposta.








BOA NOITE! =D




LEGRAND A. L., V. K. M. A. G. W. D. M. Preference and usage of pasture versus free-stall housing by lactating dairy cattle. J. Dairy Sci., 2009, 92, 3651–3658

RUSHEN, J.; de PASSILÉ, A. M.; von KEYSERRLINGK, M. A. G., WEARY, D. M. The welfare of cattle. vol. 5.Netherlands: ed. Springer. 2008. 310 p. 

CHARLTON, G. L.; RUTTER, S. M.; EAST, M.; SINCLAIR, L. A. Effects of providing total mixed rations indoors and on pasture on the behavior of lactating dairy cattle and their preference to be indoors or on pasture J. Dairy Sci., 2009, 94 :3875–3884


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Dica do dia....


A dica de hoje é acessar o site abaixo e assistir o vídeo de Evan Fraser da Universidade de Guelph, Canadá, sobre soluções para a crise global de alimentos.







Após assistir ao vídeo é possivel votar em qual dos tópicos você mais se interessa...


Compartilhem com amigos


Vamos divulgar essa iniciativa!

adorei =D

















terça-feira, 20 de novembro de 2012

FREEDOM STALL

Hoje vou falar um pouquinho sobre um sistema que conheci no Canadá e achei interessante...

Como comentei no artigo anterior o free-stall pode causar injurias e desconforto aos animais dependendo de sua configuração.

Alguns estudos tem buscado alternativas para melhorar esse sistema e uma alternativa interessante foi a criação do freedom stall


Fazenda comercial no Canadá que está testando o freedom stall.

Nesse sistema as partições são flexíveis (parecem canos de pvc, mas não quebram com facilidade)
e são colocadas a certa altura do chão o que possibilita aos animais maior conforto na hora de deitar e levantar.

A cama utilizada, nesse caso, é colchão de borracha com sepilho, mas acredito que outra alternativa, ainda mais confortável seria a cama de areia funda.

Um único aspecto não me agrada muito nesse sistema, a fim de manter a cama limpa, o limitador de pescoço fica numa posição bem restritiva, o que dificulta que o animal permaneça com as 4 patas na cama.

Como as parições são flexíveis a retirada do limitador de pescoço poderia deixar a cama muito suja e aumentar a demanda de mão-de-obra para limpeza.

Ruud & Bøe (2011) avaliaram os efeitos do freedom stall no comportamento e preferência de vacas leiteiras e encontraram resultados interessantes.

Os autores encontraram que as vacas preferem deitar nas baias com partições flexíveis. Isso indica que os animais são capazes de distinguir entre os tipos de partições e que esse é um fator importante para elas.

A conclusão do estudo diz que apesar da preferência pelas baias com partições flexíveis, as conseuquência a longo prazo não estão claras porque não foram encontradas diferenças na utilização das baias quando os animais estavam restritos a um tipo de partição.

Nesse estudo foi utilizado um teste de preferência. Esse tipo de delineamento é bastante utilizado na area de bem-estar animal.

Acho interessante fazer um parênteses aqui para explicar um pouquinho como funciona:

Nesse delineamento os animais ficam restritos por um certo período nas opções a serem testadas. Então depois desse período de restrição é dado um período de escolha onde os animais precisam ter acesso livre aos tratamentos e de preferência com espaço suficiente para todos os animais em cada tratamento.

Assim os resultados dessa preferência nos mostrará o que é mais importante e confortável aos animais.

Segue um esquema simplificado de um teste de preferência



Bom... a mensagem de hoje é que a pesquisa vem buscando alternativas para os sistemas de confinamento a fim de proporcionar maior conforto aos animais, e perguntar aos animais o que eles preferem é uma boa forma de descobrir o que é melhor para eles  =D



O próximo tópico será sobre diferentes testes de preferência para vacas leiteiras


Até mais!



E para aqueles que estão curtindo um feriado... Bom descanso! ;)







RUUD, L. E.; Bøe, K. E.Flexible and fixed partitions in freestalls—Effects on lying
behavior and cow preference. 2011. J. Dairy Sci. 94 :4856–4862


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

FREE-STALL


Olá galera...

Como havia prometido vou falar sobre os tipos de confinamentos disponíveis para gado leiteiro essa semana...


Os sistemas de confinamento foram criados a fim de otimizar mão-de-obra, aumentar a concentração de animais por área além de garantir maior produção.



O free stall, por exemplo, foi criado na década de 1950, nos EUA, e se espalhou rapidamente pelo território americano, principalmente pela sua capacidade de lotação já que é formado por baias individuais, e também por garantir maior limpeza de cama.


Free-stall em uma fazenda comercial nos EUA.



Antes de começarmos a discussão aqui está um esquema das partes da baia de um free-stall:







Um dos maiores problemas desse sistema, no meu ponto de vista, é a falta de padrões para o seu dimensionamento. Existem muitos estudos sobre padrões de tamanho da baia e posicionamento dos componentes desse sistema.

De modo geral  que a pesquisa nos mostra é que baias que restringem os animais podem alterar seu comportamento, além decomprometer a saúde dos animais. 

Vacas leiteiras confinadas passam aproximadamente 8-16 h/d deitadas (TUCKER & WEARY, 2004), e 0,5 – 3 h/d em pé na baia. Porém o tempo gasto na baia pode mudar conforme seu design. 


Bernardi et al. (2009) encontrou em seu estudo que vacas reduziram de 30 min/d para perto de 0 min/d o tempo gasto em pé com 4 patas na cama quando o limitador de pescoço estava em posição restritiva.        




Manter a cama limpa também é um fator importante quando falamos de free-stall já que estudos mostram  haver uma relação positiva entre limpeza do animal e mastite subclínica (SCHREINER E RUEGG, 2003). 

O limitador do pescoço é uma tentativa de manter a cama limpa, mas sua posição é motivo de muita discussão. Quando o limitador está numa posição permissiva as vacas apresentam úberes mais sujos do que aquelas mantidas em baias com limitador de pescoço menos permissivas e consequentemente o tempo gasto na sala de ordenha com procedimentos de limpeza é maior (FREGONESI et al., 2009). Porém as posições restritivas da barra do pescoço faz com que as vacas aumentem o tempo "empoleirando" na cama, o que pode causar problemas de casco (GALINDO & BROOM, 2000; BERNARDI et al.,2009).






Empoleirar na baia: Posição associada a problemas de casco.

Existe hoje uma vasta quantidade de pesquisas a fim de melhorar o ambiente dentro desse tipo de confinamento. Existem estudos sobre o tipo de cama, dimensionamento e posicionamento, lotação, entre muitas outras. Porém, mesmo assim as indústrias ainda não apresentam um padrão universal quanto a  construção de sistemas free-stall devido a tamanha discussão acerca do assunto.

Fica ainda hoje, a cargo do produtor, se ele vai priorizar o bem-estar dos animais com baias um pouco maiores e se dedicar a um o manejo da cama e de limpeza mais intenso para garantir sanidade aos animais ou se ele prefere camas mais limpas, mão-de-obra com limpeza da cama reduzida e maior cuidado quanto aos cascos dos animais, dentre outros fatores.


O confinamento de animais de produção tem se tornado crescente no Brasil e no mundo, e esse crescimento me paece inevitável conforme ocorre o aumento na produção mundial de leite, porém essa é a minha pergunta:


É possível tornar esse sistema, completamente artificial se comparado ao habitat natural de uma vaca, em um ambiente pelo menos confortável aos animais?

Na minha opinião é possível sim fazer alguma coisa para que esses animais não sofram tanto com estresse e também não tenham a saúde tão prejudicada dentro desses sistemas.

Mas isso depende muito de que técnicos e produtores trabalhem em conjunto em prol dos animais.

Os resutados na produção com certeza serão visíveis.






TENHAM UM ÓTIMO DIA! =D



TUCKER C.B.; WEARY, D. M. F. D.
Influence of Neck-Rail Placement on Free-Stall Preference,
Use, and Cleanliness
J. Dairy Sci., 2005, 88, 2730–2737



BERNARDI, F.; FREGONESI, J.; WINCKLER, C.; VIEIRA, D. M., VON KEYSERLINGK, M. A. G., WEARY, D. M.The stall-design paradox: Neck rails increase lameness but improve udder and stall hygiene
J. Dairy Sci., 2009, 92, 3074–3080 



FREGONESI, J. A., VON KEYSERLINGK, M. A. G; TUCKER, C. B.; VIEIRA, D. M., WEARY, D. M. Neck-rail position in the free stall affects standing behavior

and udder and stall cleanliness
J. Dairy Sci., 2009, 92, 1979–1985


GALINDO F.; BROOM, D. M.
The relationships between social behaviour of dairy cows and
the occurrence of lameness in three herds
Research in Veterinary Science, 2000, 69, 75–79


SCHREINER D. A.; RUEGG P. L. Relationship Between Udder and Leg Hygiene Scores

and Subclinical Mastitis. J. Dairy Sci., 2003, 86, 3460-3465





sábado, 17 de novembro de 2012

Dica de leitura...

Estou aproveitando a falta de sono para colocar a leitura em dia =D

Então ai vai uma dica para todos os acordados de plantão

... para aqueles que gostam de ler e se interessam em discussões sobre o Bem-Estar Animal eu recomendo esse livro:

\

Ele não é tão fácil assim de achar para comprar...  a internet talvez seja a forma mais fácil de adquiri-lo

mas eu recomendo, pois te faz parar para refletir sobre com utiizamos os animais...




E para aqueles que estão com o inglês afiado, essa palestra, do mesmo autor do livro, é muito interessante:

Peter Singer: The ethics of what we eat







BOA NOITE! 





sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Evolução das questões de Bem-Estar na Grã-Bretanha

              


         A Grã-Bretanha é considerada como um dos locais mais avançados em relação ao Bem-Estar Animal atualmente. Porém, no passado pode-se dizer que os animais e as pessoas sofriam muito por lá!



         Essa história da Grã-Bretanha em relação a mudança no tratamento dos animais é um exemplo de que esse tipo de mudança ocorre lentamente, porém tem resultados positivos.




                    A seguir alguns fatos interessantes: 



           No século XVII brutalidade com humanos e animais era comum na Grã-Bretanha.

    Atos como: fever criminosos em óleo, marcar a ferro quente criminosos e pedintes, enforcamentos e desmembramentos públicos ocorriam fequentemente.

    Quanto aos animais as brutalidades não eram menos cruéis, jogos utilizando animais eram bem comuns.

     O “Fisgar o boi” foi um jogo presente por vários anos na Grã-bretanha e consistia em cães atacando um boi. O ponto alto do jogo era quando o cão conseguia pegar o touro pelo focinho e esse mugia de dor.

     Outro "jogo"envolvia um urso cego, preso e acorrentado, chicoteado por um círculo de 5 ou 6 homens.

     As aves também não escapavam. Existia um "jogo" no qual Galinha enterrada no chao só com a cabeça para for a e competidores tentavam arrancar a cabeça da galinha com uma vara.

               O autor Willian Hogarth publicou na época diversas figuras denominadas os estágios da crueldade, que retratavam a situação da grã-Bretanha no século XVII.


“O primeiro estágio da crueldade “ (1700)



























Willian Hogarth 
“O segundo estágio da crueldade“ (1700)




























Willian Hogarth 
“A recompensa da crueldade “ (1700)



         

























          A primeira tentativa de reforma legislativa foi um projeto de lei tentando banir o “fisgar o boi” proposta em 1800. Revogada pela população diversas vezes.


       Até que em 1840 a Rainha Vitória, então com 21 anos, permitiu a criação da Sociedade para Prevenção da Crueldade Contra os Animais e a adição do prefixo real ao seu nome. The Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA) 


       Desde então muitas coisas mudaram na Grã-Bretanha. Atos de crueldade aos animais passaram a ser banidos e punidos.


        Segue o site da RSPCA para os que tem curiosidade sobre a atuação dessa Sociedade na Grã-bretanha:


             http://www.rspca.org.uk/home




           Mas eles ainda têm um longo caminho pela frente. E todo o resto do mundo também tem um caminho ainda mais longo a ser percorrido. 

          

           Mas como se diz: "Toda jornada começa com um primeiro passo." Acredito eu que já iniciamos esse processo de mudança.
       

          Eu sei que isso tudo que tenho esrito tem pouco a ver com produção de leite, porém acho importante que o conhecimento desses fatos antes de qualquer discussão sobre bem-estar de gado leiteiro, bem como produção já que hoje sabemos que vacas bem tratadas produzem mais...


        No próximo tópico falaremos sobre tipos de sistema de confinamento para Gado leiteiro =D


Até mais!