segunda-feira, 15 de abril de 2013

COMPORTAMENTO ANORMAL EM BOVINOS


BOA DIA GALERA!

Devido a correria da finalização do meu mestrado passei um tempinho sem postar no blog, mas confesso que já estava com saudade =D
Hoje trago um tema bastante interessante quando se fala de bem-estar de vacas leiteiras: Comportamento Anormal

Espero que gostem

Abraço


Os bovinos podem apresentar uma variedade de comportamentos que são frequentemente considerados anormais As definições do termo anormal utilizadas para descrever esse comportamento são diversas (comportamentos raros ou incomuns, ou comportamentos não naturais, por exemplo). Porém em muitos casos a definição de comportamento anormal se deve ao fato de que a função desse comportamento não é clara para o observador e essa definição é mais um reconhecimento de que nós não entendemos tais comportamentos,  do que uma propriedade do próprio comportamento (RUSHEN et al., 2008).

O comportamento esteriotipado é classificado como um dos tipos de comportamento anormal (FRASER, 2012). Segundo Mason (2006) estereotipias podem ser definidas como comportamentos repetitivos, invariantes e sem uma função ou objetivo óbvio. Segundo o autor os animais que apresentam tais comportamentos geralmente o fazem por muito mais tempo que o comum e normalmente previsivelmente no mesmo local ou hora do dia, além de parecer ter dificuldade de parar, sendo como uma compulsão. 
        
   Rolar a língua tanto fora quanto dentro da boca é o comportamento estereotipado, mais comum em vacas leiteiras. Geralmente esse comportamento ocorre concomitantemente com morder as barras e lamber partes do curral ou baia, como barras e correntes (RUSHEN et al., 2008). 

Estudos indicam que o hábito de rolar a língua é muito mais comuns entre vacas que são mantidas amarradas, como no tie stall, por exemplo, do que aquelas mantidas e pastagem ou em sistemas de baias coletivas, onde esse comportamento é praticamente ausente (REDBO, 1990;1992;1993). Sugeriu-se então, que a contenção gerava esse comportamento. No entanto, como esse comportamento tende a suceder ou preceder o comportamento de busca de alimento, sugeriu-se que a motivação para alimentação seguida de busca frustrada por alimento seja uma das causas (REDBO, 1990;1992). Segundo Redbo (1992) o fato dos animais serem mantidos amarrados pode aumentar a incidência desse comportamento já que o tempo gasto manipulando a comida fica reduzido. 

Apesar da ampla utilização do comportamento estereotipado para se avaliar o bem-estar animal, não existem evidências que ele esteja diretamente associado com bem-estar pobre de caso de vacas leiteiras e também outras espécies (MASON; LATHAM, 2004). De fato, em alguns casos os comportamentos anormais podem ajudar os animais. Por exemplo, Wiepkema et al. (1987) monitoraram o comportamento de rolar a língua em bezerros vitelos examinaram os estômagos dos animais após abate com 22 semanas de idade e concluíram que os bezerros que não apresentavam úlceras apresentavam rolar de língua persistente e aqueles que apresentavam mais úlceras eram aqueles que apresentavam pouco esse comportamento. Portanto, ambientes que induzem ou aumentam comportamentos anormais são frequentemente piores que os que não os causam, mas quando mantidos em tais ambientes, os animais que apresentam mais comportamentos estereotipados podem estar menos predispostos a doenças e consequentemente menor comprometimento do bem-estar (MASON; LATHAM, 2004).

Pode-se concluir, portanto, que apesar da ampa utilização dos comportamentos anormais na avaliação do bem-estar de vacas leiteiras tais comportamentos necessitam ser investigados mais amplamente a fim de se entender sua interação com o ambiente e também com o conforto e bem-estar dos animais.
      
No entanto se um sistema apresentar grande número de vacas com estereotipias, como rolar a língua, por exemplo, observações quanto a sua configuração e manejo devem ser feitas, provavelmente algo não está correto e as vacas estão mostrando isso através do seu comportamento.  




Disponível em: http://uglyoverload.blogspot.com.br/2009_04_01_archive.html





REFERÊNCIAS:

FRASER, D. Compreendendo o Bem-Estar Animal – A ciência no seu contexto cultural. tradução de Fregonesi, J.A. – Londrina: Eduel, 2012., 436 p.

MASON, G., LATHAM, N. R. Can‘t stop, won‘t stop: Is the stereotypy a reliable animal welfare indicator? Animal Welfare, v.13, p. s57-s69, 2004.

MASON, G. Stereotypic Anima Behaviour: Fundamentals and Applications to Welfare. 2 ed. Londres: CABI, 2006, 367 p.

REDBO, I. Changes in duration and frequency of steriotypies and their adjoin behaviours in heifers, before, during and after the grazing period. Applied Animal Behaviour Science, v. 26, p.57-67, 1990. 

REDBO, I. The influence of restraint on the occurrence of oral stereotypies in dairy cows. Applied Animal Behaviour Science, v.35, p. 115-123, 1992. 

REDBO, I. Steriotypies and cortisol secretion in heifers subjected to tethering. Applied Animal Behaviour Science, v.38, p. 213-225, 1993.

RUSHEN, J.; DE PASSILÉ, A. M.; VON KEYSERLINGK, M. A. G.; WEARY, D. M.The welfare of cattle. Holanda: Springer, 2008. v.5. 310p. 2008.

WIEPKEMA, P.; VAN HELLEMOND, K.; ROESSINGH, P.; ROMBERG, H. Behavior and abomasal damage in individual veal calves. Applied Animal Behavior Science, v.18, p. 257-268, 1987d