sexta-feira, 19 de julho de 2013

Questionário sobre a percepção de bem-estar animal entre vegetarianos e não-vegetarianos,

Galera esse questionário é de um trabalho realizado pela  aluna da PUC Andressa Luiza Cordeirosob orientação da Prof.Marta Fischer 


O trabalho tem por objetivo:  

"Avaliar sa percepção de bem estar animal é semelhante ou não para pessoas vegetarianas e não-vegetarianas."







Vamos colaborar com essa pesquisa preenchendo o questionário.

São dois questionários, uma para não vegetarianos e outro para vegetarianos. 

Por favor responda somente um deles.  

Qualquer dúvida ou comentários fique a vontade para mandar um e-mail

Após preenchido enviar o questionário para a Andressa no e-mail:
andressalcordeiro@hotmail.com

Muito obrigado! 
=D


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Viés cognitivo como um método de avaliação da dor após a mochação a ferro quente

Ainda falando sobre os trabalhos apresentados no ISAE os próximos 2 tópicos vão discutir sobre um tema aparentemente complicado (mas na verdade nem tanto!) e de muito valor para a Ciência do Bem-Estar Animal.

Os trabalhos dos alunos Heather Neave e Ruan Daros serão apresentados em 2 postagens. 
Começaremos então pelo trabalho da Heather Neave, aluna de mestrado da UBC (University of British Columbia).

Desde já gostaria muito de agradecê-la por disponibilizar o material para a postagem aqui no blog e também parabenizá-la pelo excelente trabalho!

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As questões de bem-estar animal são normalmente baseadas na suposição de que animais podem vivenciar subjetivamente estados emocionais e podem, portanto, sofrer ou vivenciar prazer.

No entanto seria possível avaliar as emoções dos animais?

Essa é uma meta importante da pesquisa sobre o bem-estar dos animais, principalmente para aqueles destinados a produção, pois esses, muitas vezes, são considerados pela sociedade como seres incapazes de demonstrar emoções.
Porém, aqueles que convivem com animais de produção diariamente com certeza afirmarão o contrário.

Mas como demonstrar através da pesquisa que os animais podem sim demonstrar emoções?

O estudo dos estados emocionais nos animais tem tradicionalmente usado mensurações comportamentais e fisiológicas. No entanto, o viés cognitivo é uma técnica recente que baseia-se no componente cognitivo da emoção para compreender e avaliar objetivamente os estados emocionais em animais.

O viés cognitivo é definido como a influência da emoção na cognição e se baseia no conceito de que seres humanos deprimidos interpretam estímulos ambíguos negativamente.

Para exemplificar melhor o conceito pense em um copo de água:

Indivíduos positivos interpretam o copo de água como meio cheio e indivíduos negativos interpretam o copo como meio vazio.

Como se deve aplicar então o conceito do viés cognitivo aos animais?
Essa técnica nos possibilita fazer perguntas como:

"Como os animais se sentem quando...."
  • Enriquecimento ambiental é adicionado / removido
  • O ambiente das instalações é imprevisível ou agitado
  • É liberado de restrição
  • É isolado do parceiro social


Se espera que várias emoções surjam de cada uma dessas manipulações, no entanto, curiosamente, sem nenhum foco sobre a dor.

DOR é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano tecidual real ou potencial.

Muitos procedimentos utilizados em fazendas envolvem dor, como é o caso da mochação, castração e corte de cauda.


Como a dor é um estado emocional claramente entendido, e seu componente emocional é importante também para os animais, estudar o viés cognitivo em relação a dor bastante interessante para se avaliar as emoções nos animais.

Esse foi, portanto, o objetivo do estudo da Heather:

Avaliar o efeito da mochação sobre o estado emocional de bezerros leiteiros na fase de dor pós-operatória.

Nesse intuito foram realizados 2 experimentos a fim de se responder as seguintes perguntas:

Experimento 1: Existe um viés cognitivo nesse caso?

Experimento 2: Se existe, o viés é somente um efeito do aprendizado?

A hipótese do estudo seria a de que os bezerros iriam apresentar um viés pessimista após a mochação, sem evidências de aprendizagem.

Foram utilizados 8 bezerros Holandeses, treinados a executar uma tarefa de discriminação visual, em cada experimento. 

TREINAMENTO

Metade dos animais foram treinados de forma que:


E para a outra metade as telas seriam:


O vídeo a seguir demonstra o treinamento aplicado aos animais:




Após esse treinamento os animais foram apresentados a telas com cores intermediárias. 


A aproximação dessas telas foi mensurada horas antes e depois da mochação nos 2 experimentos.

Todos os animais receberam sedativo e lidocaína antes da mochação em ambos os experimentos.

EXPERIMENTO 1

A mochação resulta em um viés de juízo negativo durante a dor no pós-operatório?

No experimento 1 os animais eram mochados (2 cornos) e avaliados segundo o teste descrito anteriormente.


RESULTADOS

EXPERIMENTO 2

O viés é devido aos bezerros aprenderem a não responder as telas ambíguas?

No segundo experimento a mochação e os testes eram feitos da seguinte forma, os animais eram testados antes e depois da mochação de um corno e após 4 dias eram testados antes e depois da mochação do corno remanescente, como mostra a figura a seguir. 


RESULTADOS




CONCLUSÕES

Bezerros responderam mais negativamente para estímulos visuais ambíguos após mochação a ferro quente.

O viés negativo não é devido à aprendizagem: bezerros voltaram ao valor inicial antes da segunda mochação.

A segunda mochação teve um forte viés negativo, indicando um efeito potencial de experiência anterior.


REFERÊNCIA

NEAVE, H. W.; VON KEYSERLINGK, M. A. G.; WEARY, D. M. Dairy calves show negative judgement bias following hot-iron disbudding. In: 47° Congress of the ISAE, 2013, Florianópolis: Anais do 47° Congress of the ISAE. p.87.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

MOTIVAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS PARA ACESSO AO PASTO

Hoje vou escrever sobre mais um projeto apresentado no ISAE que traz uma abordagem bastante interessante sobre a preferência pelo pasto por vacas leiteiras

O trabalho foi realizado na UBC (University of British Columbia), pela colega Andressa Amorim Cestari, aluna de doutorado na UEL.



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O acesso ao pasto é tido como importante para o bem-estar de vacas leiteiras criadas em confinamento e estudos utilizando testes de preferência vêm mostrando que esta preferência pode ser parcial, variando de acordo com o clima, oferta de comida, hora do dia e até mesmo dependendo da experiência prévia dos animais.
 No entanto até o momento ninguém tinha tentado "perguntar" às vacas o quanto elas estão dispostas a "pagar" para ter acesso ao pasto. Se isso for importante para elas, assim como nós, elas seriam capazes de "pagar" altos preços para ter um tempo na pastagem certo?!
 Foi essa a pergunta que a Andressa tentou responder em seu trabalho. Usando um portão com peso, que aumentava periodicamente, a força de motivação para acesso ao pasto foi mensurada.
O trabalho foi realizado em duas etapas, uma onde os animais foram treinados a abrir o portão e em seguida se testou a motivação por comida fresca e a outra onde a motivação pela pastagem foi testada utilizando-se o mesmo portão.
Os resultados foram bem interessantes. Confiram! 


ANIMAIS


24 vacas Holandesas, com  220,5 ± 14,4 dias em lactação (média ± desvio padrão) e produção de 30,0 ± 3,8 L leite/dia foram distribuídas aleatoriamente a 4 grupos (6 vacas cada). Cada um desses grupos foi testado separadamente em 2 experimentos.


DELINEAMENTO EXPERIMENTAL


EXPERIMENTO 1





No Experimento 1 as vacas tinham que empurrar um peso de 7 Kg anexado a um portão para terem acesso à comida fresca. Uma vez que as vacas eram treinadas para essa tarefa o peso foi aumentado diariamente (em 7 Kg) até que elas não demonstrassem interesse em realizar a tarefa.





EXPERIMENTO 2






No Experimento 2 as vacas foram treinadas a acessar o pasto com o mesmo portão e o grau de motivação foi medido em um teste de livre escolha. Outra vez o peso era aumentado (7 kg/dia) até que elas não demonstrassem mais interesse em realizar a tarefa.


Esse vídeo mostra a utilização do portão para acesso ao pasto.





RESULTADOS


As vacas empurraram  36,54 ± 14,09 kg  para acessar a comida enquanto que para acessar o pasto empurraram 31,63 ± 17, 54 kg (t22 = -1,34; P = 0,1958).
Durante as horas claras do dia as vacas passaram 76,01 ± 30,55 %  do tempo do lado de fora (o tempo restante estavam dentro do free stall). 
Enquanto no pasto as vacas passaram 40,66 ± 19,42 % do tempo pastando.

A figura a seguir mostra a diferença do peso no portão, para cada vaca, entre os testes de motivação para acesso à comida fresca e para acesso ao pasto. O primeiro ponto, por exemplo, marca cerca de 10 kg acima do eixo X, o que nos diz que esta vaca trabalhou mais para ter acesso ao pasto do que para ter acesso à comida; ou que empurrou no portão em média 10 kg a mais para ter acesso ao pasto do que para ter acesso à comida fresca após a ordenha. 




CONCLUSÃO


Os resultados encontrados demonstram que vacas leiteiras normalmente confinadas são tão motivadas a acessar o pasto quanto são para ter acesso a comida fresca após a ordenha.


REFERÊNCIA



CESTARI, A. A.; FREGONESI, J. A.; WEARY, D. M.; VON KEYSERLINGK, M. A. G.
 Motivation for access to pasture in dairy cows. In: 47° Congress of the ISAE, 2013, Florianópolis: Anais do 47° Congress of the ISAE. p.115.


A festa do primeiro dia no pasto =D