quinta-feira, 26 de setembro de 2013

COMO MARCAR OS ANIMAIS PARA OBSERVAÇÃO DE COMPORTAMENTO

Boa tarde!

Quem já trabalhou em um projeto sobre comportamento de bovinos (seja de leite ou corte) sabe bem do que vou falar aqui hoje =D

Quando se analisa o comportamento desses animais se tem 2 opções:

ou você os assiste 'ao vivo' por determinado tempo anotando periodicamente seu comportamento

Nesse caso tinha a impressão de que era ela quem me observava =D


ou,  no caso  das instalações possuírem sistema de câmeras, você pode gravar o comportamento dos animais pelo tempo necessário e assistir aos vídeos anotando o comportamento periodicamente.


Visão do programa de vídeo usado na análise de comportamento

É possível também fazer a análise contínua do comportamento em ambos os casos, mas como esse trabalho pode ser bem complicado, além de demandar muito tempo, a pesquisa aceita que se faça a leitura do comportamento a cada 5 ou 10 minutos, dependendo do propósito do trabalho.

Dessa forma para se obter o tempo referente a cada comportamento por dia é só calcular, por exemplo, quantos intervalos de 5 minutos os animais apresentaram tal comportamento nesse período.

Parece uma tarefa fácil né! masss não é não! Um ponto crítico nesses trabalhos é a identificação de cada animal, pois ela tem que ser beemmm clara.

Mesmo vacas da raça Holandesa, que tem em suas manchas uma "digital", podem ser difícil de identificar à distância ou pelo vídeo.

É por isso que se teve a idéia de marcá-las com símbolos de forma que facilitasse a identificação.


A figura a seguir mostra como se faz essa marcação sem correr o risco de perdê-la ao longo do experimento.





No entanto, a tinta para cabelo não é a única opção... 


Para aqueles que não querem as vacas marcadas por muito tempo, existem no mercado bastões ou bisnagas de tinta colorida que saem facilmente em pouco tempo...

Fonte: http://www.livestockmarkers.com/

Fonte: http://genex.crinet.com/page160/RevealLivestockMarker?print=1


O legal disso tudo é que, seja com a tinta de cabelo ou com os marcadores temporários, a marcação dos animais é o momento em que o pesquisador pode deixar a imaginação fluir, e a diversão é garantida! 

Dá até para fazer algumas homenagens...




Olha ai! No meu trabalho tinha uma vaca com a inicial de cada um da minha família S2



Espero que tenham gostado do assunto de hoje!






Abraço


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Curso Online: Manejo do estresse calórico para aumentar a produção leiteira e sua rentabilidade

Bom dia!!!!
Hoje venho divulgar um dos cursos online Agripoint
Gostei muito da programação!
Vale a pena conferir

Acessem o link para maiores detalhes e para fazer a inscrição:
Curso Online: Manejo do estresse calórico para aumentar a produção leiteira e sua rentabilidade


Por que participar deste curso?

Nas maiores regiões de produção leiteira no Brasil, os animais são acometidos por estresse devido às altas temperaturas em mais da metade do ano. Essas condições geram grandes perdas econômicas aos produtores de leite devido a redução de produtividade, fertilidade do rebanho e a baixa eficiência alimentar. Participando desse curso, profissionais e produtores de leite, entenderão os mecanismos pelos quais vacas são afetadas negativamente pelo etresse calórico e irão se familiarizar com diferentes meios de resfriamento utilizados para as diversas condições de clima e instalações. Os participantes também terão o conhecimento necessário para instalar e operar adequadamente os meios de resfriamento, medir e quantificar os benefícios de resfriarem suas vacas.

Programação:

Módulo 1 - A interação entra a vaca e o meio ambiente

• Zonas climáticas do mundo (relacionadas a produção leiteira).
• Diferentes fatores climáticos afetando o desempenho de vacas leiteiras.
• ITU ( Índice de temperatura e umidade).
• A zona termo-neutra de vacas leiteiras.
• O que é “estresse calórico” e como medi-lo?

Módulo 2 - O efeito do estresse calórico na fisiologia e comportamento de vacas leiteiras

• Produção de calor de vacas leiteiras.
• Mecanismos de dissipação de calor pela vaca leiteira.
• Mudanças comportamentais de vacas com estresse calórico.
• Mudanças fisiológicas de vacas com estresse calórico.

Módulo 3 - efeito negativo do estresse calórico no desempenho das vacas

• Produção de leite.
• Teor de gordura e proteína do leite.
• Qualidade do leite.
• Eficiência alimentar.
• Fertilidade.
• Saúde geral e do úbere.
• Desenvolvimento do tecido mamário na fase final da gestação.

Módulo 4 - Os diferentes meios de redução do estresse térmico (resfriamento de vaca)

• Resfriamento direto ( ventiladores e aspersores).
• Dimensionamento e posicionamento do projeto dentro da propriedade.
• Sistemas de resfriamento indireto ( nebulização e placas evaporativas em túnel e ventilação cruzada do tipo low profile (LPCV).
• Adaptando o sistema de resfriamento ao clima da fazenda e condições das instalações.
• Os benefícios de resfriar vacas na:
-Produção de leite.
-Composição do leite.
-Qualidade do leite.
-Consumo alimentar e eficiência alimentar.
-Fertilidade.
-Saúde geral e do úbere.
-Desenvolvimento do tecido mamário na fase final da gestação.

Módulo 5 – Aspectos aconômicos na redução do estresse calórico e avaliação da efetividade do resfriamento

• Gestão de processos, indicadores e metas.
• Perdas econômicas devido ao estresse calórico.
• Benefícios econômicos do resfriamento de vacas.
• Custo efetivo do resfriamento de vacas em fazendas de diferentes condições.
• Métodos de avaliação da efetividade do resfriamento:
-Métodos de curto prazo – temperatura corporal, taxa de respiração e taxa de ruminação.
-Métodos de longo prazo – índice de variação entre verão e inverno.



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Relaxar e coçar é só começar...

Todos que já tiveram a oportunidade de visitar uma fazenda onde o coçador automático rotativo para vacas é utilizado, com certeza chegaram a conclusão de que elas não gostam de se coçar... ELAS AMAM!

A alguns dias postei essa foto na página do face e pensei que seria legal trazer esse tema para ser discutido aqui no blog.

Afinal o que diz a pesquisa a respeito da utilização do coçador automático?!




Primeiramente é importante ressaltar que se coçar é um comportamento considerado normal para os animais de produção, como cavalos, porcos e bovinos.

Tal comportamento tem diversas funções mas a principal delas é manter a limpeza.
O ato de se coçar ajuda os animais a remover lama, fezes, urina, insetos e parasitas dos pêlos e assim reduz o risco de doenças.

As vacas leiteiras para se coçarem, normalmente usam a língua, ou coçam com os pés traseiros, ou ainda golpeiam com o rabo na tentativa de alcançar todas as partes do corpo.

No entanto algumas partes são inacessíveis para esses animais, como é o caso da cabeça, pescoço, costas e o quarto traseiro, e nesses casos elas vão usar qualquer objeto disponível no ambiente para alcançá-los.

Afinal tem coisa pior do que sentir coceira naquele lugar que não alcançamos?! rsrs

Como além de ser natural, esse comportamento parece ser importante para as vacas leiteiras o enriquecimento do ambiente pode trazer vantagens ao bem-estar desses animais.

É ai que entra a utilização do coçador automático pois ele permite que as vacas satisfaçam o comportamento natural de se coçarem mais facilmente, podendo assim reduzir o estresse devido ao tédio causado por ambientes de confinamento (De Vries et al., 2007).

O uso do coçador automático tem se mostrado benéfico segundo diversos estudos.

DeVries et al. (2007) testaram 72 vacas holandesas em lactação para o uso ou não do coçador automático.

Nesse estudo durante a primeira semana as vacas passaram por um período de adaptação ao novo grupo formado, na segunda semana o comportamento das vacas foi monitorado como controle e na terceira semana o coçador automático foi instalado nos currais e as vacas foram avaliadas quanto a sua utilização por 2 semanas.

Até 24h após a instalação do coçador automático 56,9% das vacas utilizaram o instrumento.

Após 7 dias 93% dos animais usaram o coçador e ao final do período de tratamento apenas 1 vaca não tinha utilizado o coçador.

Quando o coçador estava presente os animais passaram mais tempo se esfregando no coçador automático (6,76 min) do que na parede (0,44 min.) ou bebedouro (0,22 min.).

Além disso quando introduzidas ao coçador automático, as vacas aumentaram em 508% o tempo gasto se coçando e em 226% a frequência de eventos.

Os resultados desse estudo indicam que o coçador permite maior facilidade de alcançar os lugares inacessíveis e pode trazer benefícios ao bem-estar. Pelos resultados também é possível concluir que os animais gostam de usar o coçador automático.

O trabalho de Newby et al. (2012) apresentaram resultados interessantes, os autores testaram  o uso do coçador automático por vacas no pré e pós-parto.

A hipótese do estudo foi de que se o coçador automático pode trazer benefícios às vacas em lactação, disponibilizá-lo para vacas no pré e pós-parto poderia ajudá-las a lidar com o estresse relacionado a esse período.

Os resultados foram bastante interessantes.

No curral de pré-parto todas as vacas utilizaram o coçador automático com média de 31,5 + 17,7 min/d entre 72 e 48 horas antes do parto. Tempo esse bem maior do que o encontrado por De Vries et al. (2007) que foi de 5 a 7 min/d.

As vacas que tiveram o coçador automático no curral maternidade, curiosamente, lamberam os bezerros por mais tempo nas primeiras horas após o parto. Segundo os autores uma possível explicação para o fato é que o uso do coçador pode ter aumentado os níveis de ocitocina nesses animais e esse hormônio tem função na ligação materno filial em mamíferos.

(Particularmente achei muito legal esse resultado encontrado!)

O estudo de Miwa e Takeda (2013), por sua vez, mostrou que o modelo do coçador também é importante.

Os autores comparam o uso do coçador automático equipado com um dispositivo que o liga quando o animal o toca (como mostra a foto que postei no face) e o coçador estacionário (figura a seguir) por vacas leiteiras confinadas em free stall.


Foto tirada do site da De Laval.
Os resultados indicaram que o coçador automático foi utilizado por 44% dos animais por dia enquanto que o estacionário foi utilizado por 29% das vacas por dia.

O coçador automático foi mais usado para coçar o quadril e as patas traseiras enquanto que o estacionário foi mais usado para a cabeça e pescoço.


A conclusão geral é que independente do modelo o coçador pode trazer benefícios ao bem-estar de vacas leiteiras confinadas. Portanto aos produtores que pensam em investir no bem-estar dos animais, esse pode ser um investimento que vai agradar o rebanho.

E ai vai um videozinho para animar a noite =D








Abraço.


REFERÊNCIAS

DE VRIES, T. J.; VANKOVA, M.; Veira, D. M.; VON KEYSERLINGK, M. A. G. Short communication: Usage of Machanical Brushes by Lactating Cows. Journal of Dairy Science, v. 90, p. 2241-2245, 2007.

NEWBY, N. C.; DUFFIELD, T. F.; PEARL, D. L.; LESLIE, K. E.; LEBLANC, S. J. Short communication: Use of mechanical brush by Holstein dairy cattle around parturition. Journal of Dairy Science, v. 96, p. 2339-2344, 2012.

MIWA, K.; TAKEDA, K. Use of automatic and stationary cow brushes by dairy cows. In: 47° Congress of the ISAE, 2013, Florianópolis: Anais do 47° Congress of the ISAE. p.185.