A MOCHAÇÃO DE BEZERRAS.
Figura 1. Bezerra sendo mochada a ferro quente. |
A técnica é feita alguns dias após o nascimento quando já é possível identificar o botão cornoal, porém o maior problema em relação ao Bem-Estar dos animais quanto a esse procedimento é a dor envolvida no processo, já que na grande maioria das propriedades não se usa nem anestésico durante, nem antiinflamatório para controle da dor depois e muito menos um sedativo para facilitar a contenção.
O trabalho de Von Keyseringk et al. (2009) traz uma revisão sobre assunto:
Nessa revisão os autores citam que todos os métdos de mochação causam dor, que pode ser visualizada através de uma variedade de mensurações fisiológicas e comportamentais.
Sabe-se que somente a utilização do anestésico não pode mitigar a dor e não proporciona alívio da dor no pós-operatório.
Segundo os autores, a lidocaína é o anestésico local mais popular para a anestesia local, porém ela é efetiva por 2 a 3 h a partir da administração.
Stafford e Mellor (2005) encontraram que bezerras tratadas com anestesia local apresentam, após a anestesia local perder efeito, níveis de cortisol plasmático similar aos animais não tratados com anestesia local.
No entanto o uso de antiinflamatório não esteroidais, como o ketoprofeno, em adição a anestesia local pode manter o nível plasmático de cortisol e respostas comportamentais próximos ao nível basal nas horas que seguem a mochação.
Durante a mochação os animais respondem não só a dor mas também a contenção. Mesmo que e utlize anestésico local as bezerras ainda necessitam de contenção. O uso de um sedativo como o caso da xilazina pode eliminar a necessidade de contenção e as respostas a administração do anestésico local.
Portanto:
sedativo + anetésico local + antiinflamatório = MENOS DOR
Figura 2 Bezerras mochadas com pasta cáustica |
Bezerras tratadas somente com xilazina mostraram resposta imediata a aplicação da pasta porém a resposta nas horas seguintes foi baixa (Vickers et a., 2005)
Portanto a mochação com a pasta combinada a administração de sedativo proporciona menos dor do que a mochação a ferro quente combinada com ambos sedative e anestésico local .
O animal precisa estar protegido do tempo e a aplicação deve ser feita no local correto.
Caso os animais sejam mantidos a pasto ou até mesmo em casinhas no pasto com corda no pescoço, eu diria que a utilização dessa pasta não é recomendada já que a chuva e o calor pode fazer com que a pasta escorra nos olhos, causando sérias lesões.
Todas essas informações são muito importantes no âmbito do Bem-Estar animal, porém a campoo o que vemos é uma grande resistência a utilização de controle da dor na mochação.
A desculpa sempre é o custo.
Façamos aqui então uma conta simples de quanto custaria ao produtor que usa mochação a ferro quente o sedativo, anestésico local e o antiinflamatório por animal.
1 frasco 20 ml de xilazina = R$ 20,00
1 frasco 10 ml de lidocaína = R$ 10,00
1 frasco 50 ml de ketoprofeno = R$ 95,00
TOTAL: R$123,00
Suponhamos que os bezerros tenham em média 40Kg
xilazina: R$ 0,45
lidocaína: R$ 3,00
ketoprofeno R$ 0,63
TOTAL: R$ 4,08 por animal mochado
Sendo que desses medicamentos o único que daria poucas doses é a lidocaína (2 ou 3 doses).
A xilazina e o ketoprofeno fazem diversas doses com 1 frasco.
Será mesmo o preço o fator limitante?
Na minha opinião deve-se colocar na balança os benefícios de promover algum conforto a esses animais.
Se feito da forma correta a mochação com sedativo, anestésico e antiinflamatório pode até ser mais rápida que a sem controle nenhum de dor já que o tempo gasto com contenção e a quantidade de pessoas necessárias nesse caso são maiores.
Bom galerinha por hoje é isso...
Espero que essas informações ajudem de alguma forma =D
grande abraço
Foto tirada por Hather Neave. |
Stafford, K. J., and D. J. Mellor. 2005. Dehorning and disbudding distress and its alleviation in calves. Vet. J. 169:337–349.
Vickers, K. J., L. Niel, L. M. Kiehlbauch, and D. M. Weary. 2005. Calf response to caustic paste and hot-iron dehorning using sedation with and without local anesthetic. J. Dairy Sci. 88:1454-1459.
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