domingo, 3 de novembro de 2013

Os Produtores de leite e a dor dos animais

Essa semana li um trabalho bastante interessante publicado no Journal of Dairy Science e resolvi trazê-lo aqui para o blog de uma forma um pouquinho diferente

O texto a seguir é a livre tradução para o português do resumo desse artigo intitulado:



DAIRY PRODUCER ATTITUDES TO PAIN IN CATTLE IN RELATION TO DISBUDDING CALVES

A atitude dos produtores de leite quanto a dor do rebanho em relação a mochação de bezerros



   A dor é um importante indicador de problemas quanto ao bem-estar de animais de produção. Apesar disso, a dor frequentemente passa despercebida em animais de fazenda devido a atitudes de produtores e veterinários, apesar deles desempenharem um papel fundamental no monitoramento e gerenciamento da percepção da dor animal.
   As atitudes dos produtores em relação ao bem-estar animal influencia o manejo e produção dos animais. O objetivo desse estudo foi, portanto, quantificar as atitudes de produtores de leite em relação a dor causada por várias doenças do gado e a mochação, um procedimento de rotina doloroso realizado na fazenda para garantir o manejo mais seguro de gado. 
  Um questionário sobre opiniões e práticas relacionadas com a mochação foi enviado a 1.000 produtores de leite finlandeses (taxa de resposta: 45%).
   As atitudes em relação à mochação foram aferidas através de uma escala de Likert de 5 pontos e as atitudes quanto a dor dos animais foram pontuadas em uma escala numérica de 11 pontos.
  A análise de componentes principais foi utilizada para avaliar as cargas, que foram testadas posteriormente para diferenças entre o gênero do produtor e sistemas de criação com o teste  Mann-Whitney U, e entre a produção de leite e tamanho do rebanho e idade e experiência de trabalho dos produtores com um teste Kruskal-Wallis. 
 
 
   Foram identificados quatro fatores principais:

              Fator I: Levar a dor da mochação a sério.
              
              Fator II: Sensibilidade a dor causada por doenças do gado.
              
              Fator III: Estar pronto para medicar os bezerros por conta própria. 
              
              Fator IV: Produtores a favor de manter os chifres ("pró-chifres"). 



As mulheres produtoras levaram a dor da mochação mais a sério, foram mais sensíveis à dor causada ao pelas doenças do gado, e estavam mais dispostas a medicar bezerros do que os produtores do sexo masculino. 

Produtores que utilizam o tie-stall foram mais favoráveis aos chifres do que produtores que utilizam o freestall. 

Produtores do sexo masculino com tie-stall foram sensíveis à dor do gado e favoreceram mais a presença dos chifres do que produtores do sexo masculino com freestalls.

Produtoras utilizando o freestall estavam mais dispostas a medicar bezerros, mas não favoreceram os chifres mais do que as produtoras utilizando o tie-stall. 

Produtores com rebanhos de baixa produção estavam menos dispostos a medicar bezerros e mais dispostos a manter o gado com chifres do que produtores com rebanhos de maior rendimento. 

Produtores mais velhos foram mais sensíveis à dor do que gado do que produtores de meia-idade e mais jovens. 

Nenhum efeito foi estabelecido para levar a dor da mochação a sério

O fator pró-chifre foi associado com experiência de trabalho, idade e tamanho do rebanho. 

As mulheres classificaram a dor em escala mais alta e foram mais positivas em relação à medicação para a dor para os animais do que os homens.

Manter chifres é mais importantes para os produtores com tie-stall do que para aqueles com freestall.





E ai o que vocês acharam desses resultados?!






Tenham um ótimo domingo






REFERÊNCIA



       WIKMAN, I.;  HOKKANEN, A. H.; PASTELL, M.;  KAUPPINEN, T.; VALROS, A. ;
       HANNINEN, L. Dairy producer attitudes to pain in cattle in relation to disbudding
       calves. J.of Dairy Sci. v.96, p. 6894-6903. 2013