segunda-feira, 19 de novembro de 2012

FREE-STALL


Olá galera...

Como havia prometido vou falar sobre os tipos de confinamentos disponíveis para gado leiteiro essa semana...


Os sistemas de confinamento foram criados a fim de otimizar mão-de-obra, aumentar a concentração de animais por área além de garantir maior produção.



O free stall, por exemplo, foi criado na década de 1950, nos EUA, e se espalhou rapidamente pelo território americano, principalmente pela sua capacidade de lotação já que é formado por baias individuais, e também por garantir maior limpeza de cama.


Free-stall em uma fazenda comercial nos EUA.



Antes de começarmos a discussão aqui está um esquema das partes da baia de um free-stall:







Um dos maiores problemas desse sistema, no meu ponto de vista, é a falta de padrões para o seu dimensionamento. Existem muitos estudos sobre padrões de tamanho da baia e posicionamento dos componentes desse sistema.

De modo geral  que a pesquisa nos mostra é que baias que restringem os animais podem alterar seu comportamento, além decomprometer a saúde dos animais. 

Vacas leiteiras confinadas passam aproximadamente 8-16 h/d deitadas (TUCKER & WEARY, 2004), e 0,5 – 3 h/d em pé na baia. Porém o tempo gasto na baia pode mudar conforme seu design. 


Bernardi et al. (2009) encontrou em seu estudo que vacas reduziram de 30 min/d para perto de 0 min/d o tempo gasto em pé com 4 patas na cama quando o limitador de pescoço estava em posição restritiva.        




Manter a cama limpa também é um fator importante quando falamos de free-stall já que estudos mostram  haver uma relação positiva entre limpeza do animal e mastite subclínica (SCHREINER E RUEGG, 2003). 

O limitador do pescoço é uma tentativa de manter a cama limpa, mas sua posição é motivo de muita discussão. Quando o limitador está numa posição permissiva as vacas apresentam úberes mais sujos do que aquelas mantidas em baias com limitador de pescoço menos permissivas e consequentemente o tempo gasto na sala de ordenha com procedimentos de limpeza é maior (FREGONESI et al., 2009). Porém as posições restritivas da barra do pescoço faz com que as vacas aumentem o tempo "empoleirando" na cama, o que pode causar problemas de casco (GALINDO & BROOM, 2000; BERNARDI et al.,2009).






Empoleirar na baia: Posição associada a problemas de casco.

Existe hoje uma vasta quantidade de pesquisas a fim de melhorar o ambiente dentro desse tipo de confinamento. Existem estudos sobre o tipo de cama, dimensionamento e posicionamento, lotação, entre muitas outras. Porém, mesmo assim as indústrias ainda não apresentam um padrão universal quanto a  construção de sistemas free-stall devido a tamanha discussão acerca do assunto.

Fica ainda hoje, a cargo do produtor, se ele vai priorizar o bem-estar dos animais com baias um pouco maiores e se dedicar a um o manejo da cama e de limpeza mais intenso para garantir sanidade aos animais ou se ele prefere camas mais limpas, mão-de-obra com limpeza da cama reduzida e maior cuidado quanto aos cascos dos animais, dentre outros fatores.


O confinamento de animais de produção tem se tornado crescente no Brasil e no mundo, e esse crescimento me paece inevitável conforme ocorre o aumento na produção mundial de leite, porém essa é a minha pergunta:


É possível tornar esse sistema, completamente artificial se comparado ao habitat natural de uma vaca, em um ambiente pelo menos confortável aos animais?

Na minha opinião é possível sim fazer alguma coisa para que esses animais não sofram tanto com estresse e também não tenham a saúde tão prejudicada dentro desses sistemas.

Mas isso depende muito de que técnicos e produtores trabalhem em conjunto em prol dos animais.

Os resutados na produção com certeza serão visíveis.






TENHAM UM ÓTIMO DIA! =D



TUCKER C.B.; WEARY, D. M. F. D.
Influence of Neck-Rail Placement on Free-Stall Preference,
Use, and Cleanliness
J. Dairy Sci., 2005, 88, 2730–2737



BERNARDI, F.; FREGONESI, J.; WINCKLER, C.; VIEIRA, D. M., VON KEYSERLINGK, M. A. G., WEARY, D. M.The stall-design paradox: Neck rails increase lameness but improve udder and stall hygiene
J. Dairy Sci., 2009, 92, 3074–3080 



FREGONESI, J. A., VON KEYSERLINGK, M. A. G; TUCKER, C. B.; VIEIRA, D. M., WEARY, D. M. Neck-rail position in the free stall affects standing behavior

and udder and stall cleanliness
J. Dairy Sci., 2009, 92, 1979–1985


GALINDO F.; BROOM, D. M.
The relationships between social behaviour of dairy cows and
the occurrence of lameness in three herds
Research in Veterinary Science, 2000, 69, 75–79


SCHREINER D. A.; RUEGG P. L. Relationship Between Udder and Leg Hygiene Scores

and Subclinical Mastitis. J. Dairy Sci., 2003, 86, 3460-3465





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