segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

CLAUDICAÇÃO EM VACAS LEITEIRAS CONFINADAS.


Bom dia galerinha!!!  

Hoje vou abordar um tema relacionado ao bem-estar de vacas leiteiras considerado de grande importância em sistemas de confinamento. 

Como sabemos o sistema de confinamento pode estar intimamente relacionado a incidência de doenças dependendo de sua configuração e manejo e uma das afecções mais importantes é claudicação ou manqueira. 

Fonte de dor e grande desconforto aos animais é de extrema importância o controle das doenças de casco, principalmente quando os animais são mantidos confinados. 

Segue então uma pequena revisão sobre o assunto. 

=D

            A configuração de um sistema de confinamento pode estar intimamente ligada a enfermidades de vacas leiteiras, sendo a claudicação um dos maiores problemas da produção intensiva de leite por ser causa de dor e desconforto para vacas leiteiras (WHAY et al., 1997). As perdas econômicas associadas à claudicação incluem redução na produção de leite, perda de peso, redução da fertilidade, custos de tratamento (NICOLETTI, 2004) e descarte involuntário de animais (GREEN et al., 2002; WARNICK et al., 2001; SPRECHER et al., 1997).
            Diversas etiologias são apontadas como responsáveis pelo desenvolvimento da claudicação em vacas leiteiras, sendo que fatores nutricionais, (NICOLETTI, 2004) anatômicos (OSSENT e LISCHER, 1998), ambientais (BERGSTEN, 2001), e fisiológicos (OFFER et al., 2000) podem estar relacionados a incidência dessa enfermidade.
            Estudos tem relacionado a configuração do free stall com a claudicação. O tipo de piso para locomoção e a área de descanso são fatores importantes que podem afetar a incidência da enfermidade em rebanhos confinados. Estudos mostram que superfície de cama mais espessa tem influência positiva na claudicação (BARBERG et al., 2007). Quando comparado ao free stall com ventilação cruzada ou natural o sistema compost apresentou menor prevalência de lesões de jarrete e claudicação (LOBECK et al., 2011).
O aceso a áreas com superfícies mais confortáveis, como o pasto (HERNANDEZ-MENDO et al., 2007) e baias com barra do pescoço mais permissiva (BERNARDI et al. 2009) pode melhorar a locomoção de vacas leiteiras.
A fim de manter a cama mais limpa várias propriedades mantêm a barra do pescoço em posição restritiva, porém esse posicionamento impede que as vacas permaneçam comas 4 patas na baia. A restrição do tempo com 4 patas na cama por sua vez, está relacionado com o aumento do tempo gasto empoleirada na baia (somente as patas dianteiras na baia) (TUCKER, et.al., 2005; FREGONESI et al. 2009) ou no corredor e outras partes do curral, onde o piso, muitas vezes de concreto se encontra úmido e sujo a maior parte do tempo (SOMERS et al., 2003).  Como o risco de claudicação aumenta quando os animais têm maior contato com o piso úmido e sujo. Fazendas que utilizam barra do pescoço mais restritiva podem apresentar maior proporção de vacas mancas em (FULWIDER et al. 2007).


Na minha opinião as configurações do sistema de confinamento são fator principal não só no controle da claudicação mas também na manutenção do bem-estar de vacas leiteiras. Portanto aqueles produtores que estão implantando um confinamento devem ir atrás dos resultados das pesquisas atualmente para saber qual a melhor forma de construí-lo e aqueles que já possuem confinamento instalado na propriedade devem ficar de olho nos índices zootécnicos a fim de diagnosticar precocemente problemas provindos da configuração do seu sistema.
A claudicação muitas vezes passa despercebida mas seus índices podem dizer muito sobre o bem-estar do seu rebanho.
As formas de controlá-la são diversas mas primeiramente é importante que o produtor mantenha uma rotina de escores de locomoção periódicos em sua propriedade e esse é um tópico que merece um post ;)

Essa figura demonstra o escore de locomoção em escala de 1 a 5 para vacas leiteiras:



Também é importante manter uma rotina de casqueamento. Visitas regulares do casqueador pode ajudar no controle das afecções de casco.


Mas acima de tudo é importante proporcionar um ambiente confortável para vacas leiteiras confinadas. Essa é, na minha opinião a forma mais efetiva de se reduzir índices de claudicação em um rebanho.





Tenham um ótimo feriado de Carnaval 

=D











REFERÊNCIAS:

BARBERG, A. E.; ENDRES, M. I.; SALFER, J. A.; RENEAU J. K. Performance and welfare of dairy cows in an alternative housing system in Minnesota. Journal of Dairy Science, v.90, p. 1575-1583, 2007. 

BERGSTEN, C. Effects of conformation and management system on hoof and leg diseases and lameness in dairy cows. Veterinary Clinical North American Food Animal Practice, v.17, n.1, p.23. 2001. 

BERNARDI, F., FREGONESI, J. A.; WINCKLER, C.; VEIRA, D. M.; VON KEYSERLINGK, M. A. G.; WEARY, D. M. The stall design paradox: Neck rails increase lameness but improve udder and stall hygiene. J. Dairy Sci. v.92, p.3074- 3080, 2009.

FREGONESI, J. A.; VON KEYSERLINGK, M. A. G.; TUCKER, C. B.; VEIRA, D. M.; WEARY, D. M.. Neck-rail position in the free stall affects standing behavior and udder and stall cleanliness. J. Dairy Sci. v.92, p.1979–1985, 2009

FULWIDER W’. K., GRANDIN, T., GARRICK, D.J., ENGLE,T.E., LAMM, W. D., DALSTED D. L., ROLLIN, B. E. Influence of Free-Stall Base on Tarsal Joint Lesions and Hygiene in Dairy Cows. Journal of Dairy Science, v.90, p. 3559-3566, 2007. 

GREEN, L.E., HEDGES V. J., SCHUKKEN Y. H. The impact of clinical lameness on the milk yield of dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 85, n.9, p.2250-2256, 2002. 

HERNANDEZ-MENDO, O.; VON KEYSERLINGK, M. A. G.; VIEIRA, D. M.; WEARY, D. M. Effects of pasture on lameness in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.90, n.1209-1214, 2007. 

LOBECK, K. M.; ENDRES, M. I.; SHANE, E. M.; GODDEN, S. M.; FETROW, J. Animal welfare in cross-ventilated, compost-bedded pack, and naturally ventilated dairy barns in the upper Midwest. J. Dairy Sci. v.94, p.5469–5479, 2011. 

NICOLETTI, J. L. M. Manual de Podologia Bovina. Ed. Manole Ltda. Barueri. 126 p.

OFFER, J. E., MCNULTY D., LOGUE D.N. Observations of lameness, hoof conformation and development of lesions in dairy cattle over four lactations. Veterinary Record, v.147, p.105–109, 2000.

OSSENT, P., LISCHER, C.. Bovine laminitis: The lesions and their pathogenesis. In Practice, v.20, p.415–426, 1998. 

SOMERS, J. G. C. J.; FRANKENA, K.; NOORDHUIZEN-STASSEN, E. N.; METZ J. H. M. Prevalence of Claw Disorders in Dutch Dairy Cows Exposed to Several Floor Systems. Journal of Dairy Science, v.86, p. 2082-2093, 2003. 

SPRECHER, D.J.; HOSTETLER, D. E.; KANEENE, J. B. A lameness scoring system that uses posture and gait to predict dairy cattle reproductive performance. Theriogenology, v.47, p.1179-1167, 1997. 

TUCKER, C. B., WEARY, D. M.; FRASER, D. Influence of neck-rail placement on free-stall preference, use, and cleanliness. J. Dairy Sci. v.88, p.2730–2737, 2005.

WARNICK, L. D.; JANSSEN, D.; GUARD, C. L.; GROHN, Y. T. The effect of lameness on milk production in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.84, p.1988-1997, 2001. 

WHAY, H.R.; WATERMAN, A.E.; WEBSTER, A.J. Associations between locomotion, claw lesions and nociceptive threshold in dairy heifers during the peri-partum period. Veterinary Journal, v.154, n.2, p 155-61, 1997.

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