terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O EFEITO DO ESTRESSE TÉRMICO NO BEM-ESTAR DE VACAS LEITERAS


Em um país tropical como o Brasil o estresse térmico é algo que merece atenção especial, principalmente quando falamos em vacas leiteiras. As raças exploradas em nosso país nem sempre estão adaptadas ao nosso clima e se juntarmos a isso a falta de preocupação em providenciar conforto térmico a esses animais o resultado é uma grande perda produtiva sem contar que o comprometimento do Bem-Estar desses animais é enorme.

No território brasileiro a criação de gado a pasto ainda é o sistema mais comum, tanto para a produção de leite quanto para a criação de gado de corte. A oferta de forragem favorecida muitas vezes pelo clima além da extensão de terra dedicada a produção favorecem esse sistema.
É importante no entanto que os cuidados quanto ao conforto térmico não sejam esquecidos. O estresse térmico pode afetar o comportamento, fisiologia e reprodução de vacas leiteiras, comprometendo assim a eficiência de produção. 

Atualmente existem diversas ferramentas a fim de proporcionar maior conforto térmico aos animais, a mais simples delas eu diria é propiciar SOMBRA. 

No pasto é possível a implantação de Sistemas Silvipastoris e nas instalações, como o caso da sala de espera, cobertura e aspersores podem contribuir no controle da temperatura.  
Longos períodos de alta temperatura ambiente combinado com alta umidade relativa do ar comprometem a habilidade de vacas em lactação de dissipar o excesso de calor corporal. Vacas com alta temperatura corporal apresentam produção de leite e ingestão de matéria seca mais baixa além de produzir leite com menor eficiência, reduzindo assim a rentabilidade de fazendas leiteiras em períodos de clima quente e úmido  e ainda causar perdas econômicas consideráveis. 

A influência da temperatura ambiente na regulação da temperatura corporal e também no comportamento de animais criados a pasto pode ser visualizada quando se oferta sombra. O estudo realizado por Schütz et al.(2010), por exemplo, concluiu que quando áreas sombreadas maiores foram oferecidas a vacas leiteiras manejadas a pasto, os animais passaram mais tempo na sombra além de haver uma redução de interações agressivas nessa situação. No mesmo estudo o tempo ao redor da água aumentou quando pouca sombra foi oferecida aos animais.

Porém não só animais manejados a pasto sofrem de estresse calórico. Vacas leiteiras confinadas também sofrem com a influência de altas temperaturas e umidade. Overton et al. (2002) observaram ciclicidade temporal no comportamento deitada de vacas leiteiras em sistema free stall e documentaram uma relação inversa entre a proporção de vacas deitadas e a temperatura ambiente.

As estações também podem influenciar o comportamento de vacas leiteiras confinadas devido as diferenças de temperatura nos diferentes período do ano. O tempo gasto deitada na baia foi menor no verão que no inverno segundo REICH et al. (2010) e o estresse térmico pode estar relacionado a essa redução de tempo (COOK et al., 2007).

Cuidados com o conforto térmico de vacas leiteiras, independente do sistema de criação, devem ser, portanto, prioridade em propriedades leiteiras.







REFERÊNCIAS

COOK, N. B.; MENTINK, R. L.; BENNETT, T. B.; BURGI, K. The effect of heat stress and lameness on time budgets of lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, v.90, p.1674–1682, 2007.

MARQUES, D. C. Criação de Bovinos. 7ed. Belo Horizonte, CVP, 2006. 586p.


OVERTON, M. W.; SISCHO, W. M.; TEMPLE, G. D.; MOORE, D. A.  Using time-lapse video photography to assess dairy cattle lying behavior in a free-stall barn. Journal of Dairy Science, v.85, p.2407–2413, 2002.

SCHÜTZ, K. E.; ROGERS, A. R.; POULOUIN, Y. A.; COX, N. R.; TUCKER, C. B. The amount of shade influences the behavior and physiology of dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.93, p.125–133, 2010.

REICH, L. J.; WEARY, D. M.; VEIRA, D. M.; VON KEYSERLINGK, M. A. G. Effects of sawdust bedding dry matter on lying behavior of dairy cows: A dose-dependent response Journal of Dairy Science, v.93, p.1561–1565, 2010.




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