quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O USO DE TANQUES COMUNITÁRIOS EM ASSENTAMENTOS

Seguindo o tópico sobre a tecnificação em assentamentos hoje falarei um pouco sobre o uso de tanques comunitários para a capitação de leite. 




A utilização de tanques comunitários é bastante comum em assentamentos já que a produção nas pequenas propriedades é baixa e impossibilita a aquisição desse equipamento para uso exclusivo. A união de alguns produtores possibilita não só a entrega de um produto final de maior qualidade mas também facilita a capitação do leite já que muitas vezes essas são áreas de difícil acesso.

Segundo a IN 51 o leite cru refrigerado é definido como o leite mantido a temperatura máxima de 7°C em tanques de expansão direta ou de imersão de latões (esse último quase em desuso atualmente) ou em tanques de refrigeração comunitários (obrigatoriamente de expansão direta nesse caso).

Independente do tipo de refrigeração a coleta deve ser feita no máximo 48 h após início da ordenha sendo o tempo ideal 24 h. No caso de tanques comunitários o IN determina a proibição do acúmulo de leite na propriedade por mais de uma ordenha, ou seja, o leite deve ser levado ao tanque imediatamente após cada ordenha.

Tanques comunitários necessitam de atenção especial quanto ao dimensionamento já que esse equipamento deve ser capaz de refrigerar o leite a uma temperatura inferior ou igual a 4°C em no máximo 3h. É aconselhável a utilização de tanques de 2 ordenhas nos quais a capacidade de refrigeração é maior e também suporta um maior volume de leite a ser refrigerado dividido em 2 vezes.

A localização desse tanque também é extremamente importante pois o produtor não pode demorar muito para colocar o leite no resfriador após a ordenha senão o tempo para refrigeração ficara inferior a 3h. Além disso se os produtores colocarem o leite no tanque com grande diferença de tempo o equipamento demorará demais para atingir os 4°C especificados na IN 51 e o leite pode apresentar alterações.

Na minha opinião seria importante pensar em um resfriador que comporta 2 ordenhas e uma margem extra, caso ocorra um atraso na captação de leite o equipamento ainda terá espaço para mais leite sem comprometer o produto e ainda dá margem de crescimento na produção sem que se tenha que trocar o equipamento.

Quanto ao local onde ficará o equipamento a IN 51 determina que ele seja "coberto, arejado, pavimentado e de fácil acesso ao veículo coletor; bem iluminado natural e articialmente; demais utensílios devem estar sobre uma bancada de apoio." e a qualidade da água disponível para limpeza também deve ser observada.

A boa utilização dos tanques comunitários garante aos pequenos produtores entregar um produto final de maior qualidade, porém é muito importante que eles tenham acompanhamento técnico na implantação desse sistema. Começando pela propriedade onde cuidados na higiene ao ordenhar os animais e cuidados na limpeza dos latões devem ser de primeira importância também e necessário que esse produtores entendam os por quês de todas as exigências quanto a utilização do tanque.

Outro fator importante é implantar sistemas de controle leiteiro e também de produção diária nessas propriedades. É muito comum encontrar em assentamentos produtores que não tem nem anotações sobre a quantidade diária de leite produzido, muito menos anotações de índices zootécnicos e de utilização de antibiótico.

Portanto o tanque comunitário pode ser a solução para muitos assentamentos, mas se não for bem acompanhado pode gerar grandes problemas sanitários e econômicos a esses pequenos produtores.


Abraço





Referências:



EMBRAPA. Produção de leite com qualidade em projeto de assentamento: A intervenção como inovação. Juiz de Fora: EMBRAPA GADO DE LEITE, 2008.


BRASIL. Instrução Normativa 51 - Ministéria Agricultura, Pecuária e Abastecimento, MAPA. Brasília, 2002


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